Papa

O Papa Francisco foi presenteado nesta quarta-feira (15) com um carro da marca de luxo Lamborghini, de cor branca e com detalhes em amarelo (cores da bandeira do Vaticano), que será leiloado para financiar quatro projetos humanitários, informou a Santa Sé.

O pontífice benzeu o carro, modelo Huracán, e assinou o capô, diante de diretores da marca presentes no Vaticano. O preço do modelo gira em torno de 200 mil euros (mais de R$ 780 mil), mas se espera que o carro do papa seja arrematado por um valor mais alto.

Francisco determinou que o dinheiro arrecadado seja usado para financiar um projeto de reconstrução de residências, locais de culto e infraestrutura pública na planície de Nínive, no Iraque, a fim de ajudar os cristãos que fugiram da guerra a recuperar “suas raízes e sua dignidade”, indicou a Santa Sé.

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O Lamborghini do Papa também irá financiar uma associação italiana que ajuda vítimas de redes de prostituição, bem como duas associações italianas atuantes na África, entre elas um grupo internacional de cirurgiões. O Papa, que costuma receber presentes curiosos, já havia leiloado, com fins de caridade, uma motocicleta Harley Davidson.

Biografia

Francisco, 76 anos, é o primeiro papa latino-americano e também o primeiro a adotar o nome de São Francisco de Assis, santo italiano que abdicou de uma vida de luxo para se dedicar aos pobres e à natureza. Até 13 de março de 2013, data em que foi eleito pontífice após dois dias de conclave, o papa Francisco era o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires.

Nascido em 17 de dezembro de 1936, Bergoglio descende de uma família de imigrantes italianos e foi criado no bairro de Flores, em Buenos Aires. Após ter perdido parte de um pulmão em decorrência de uma infecção, ele entrou na Ordem dos Jesuítas em 1969, aos 32 anos, abandonando seus estudos na área da Química.

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Nos anos 70, foi acusado por grupos de direitos humanos de ter colaborado com militares durante a ditadura da Argentina (1976-1983). As alegações se referem especialmente ao caso de dois padres jesuítas que foram capturados sob suspeita de colaborar com dissidentes. O gabinete do cardeal sempre negou as acusações, e Bergoglio disse ter ajudado pessoas a escapar do país na época.

O papa Francisco se tornou bispo em 1992 e arcebispo de Buenos Aires seis anos mais tarde. Em 2001, num período de forte crise na economia argentina, foi nomeado cardeal pelo papa João Paulo 2º (1978-2005). Enquanto milhares se reuniam em marchas e protestos contra os planos de austeridade do governo, Bergoglio fez um discurso em Buenos Aires em que destacou os contrastes entre os ricos e os pobres “que eram perseguidos por querer trabalhar”.

Francisco ficou em segundo lugar no conclave de 2005, que elegeu o papa Bento 16 como sucessor de João Paulo 2º. Quando cardeal, seus sermões sempre tiveram um impacto na Argentina e frequentemente destacavam temas como a inclusão social. Quando arcebispo, ele sempre viveu em um apartamento modesto em vez das luxuosas residências oficiais.

Embora o papa Francisco adote um tom forte ao falar de justiça social, ele é extremamente conservador no que concerne a temas sexuais, como o casamento gay. “Não sejamos ingênuos: essa não é uma simples luta política. É um ataque destrutivo aos planos de Deus”, disse em 2010.

As relações entre a presidente Cristina Kirchner e o papa Francisco tiveram alguns momentos de tensão no passado, tanto que a influência política de Bergoglio parou na porta do palácio presidencial depois que Néstor Kirchner (2003-2007) e Cristina assumiram a liderança do país.

As críticas do arcebispo não impediram a Argentina de se tornar o primeiro país da América Latina a legalizar o casamento gay ou fizeram com que a líder argentina parasse de promover a contracepção gratuita e a inseminação artificial.

A Igreja de Bergoglio não teve nenhuma voz quando a Suprema Corte argentina expandiu o acesso aos abortos legais em casos de estupro. Quando o arcebispo de Buenos Aires argumentou que as adoções por gays eram uma discriminação contra as crianças, Cristina comparou seu tom “às épocas medievais e à Inquisição”. Ainda assim, a presidente compareceu em sua entronização em 19 de março de 2013, e também foi a primeira chefe de Estado a reunir-se com ele.

Apesar das informações de que ficou em segundo lugar no conclave de 2005, a eleição de Bergoglio oito anos depois foi considerada uma surpresa. Seu nome não constava em nenhuma lista de favoritos, em que figuravam, entre outros, o brasileiro dom Odilo Scherer. Em 13 de março de 2013, papa Francisco fez sua primeira aparição pública: vestindo apenas uma batina branca, sem a clássica estola vermelha papal, o novo pontífice pediu que os fiéis orassem pedindo que Deus abençoasse a ele e a Bento 16 – que renunciou ao cargo em 28 de fevereiro.

As primeiras horas de seu papado ficaram marcadas pela quebra de protocolos: papa Francisco dispensou o carro oficial para usar um ônibus com os cardeais após o conclave e, no dia seguinte, passou pelo hotel onde ficou hospedado no Vaticano e pagou a própria conta. Em seus primeiros sermões, pregou a necessidade de confissão perante Jesus Cristo, de evangelização e de proteção aos mais pobres.