Janja

Janja pisa na casca de banana de Michelle e ridiculariza conceito cristão

Darcy Ribeiro dizia que o PT é à “esquerda que a direita gosta”. Janja, mulher de Lula, protagonizou um momento que confirma a atualidade da frase de quem morreu sem nem ver o PT no poder.

Não adianta o candidato à presidência e sua mulher dizerem por aí que respeitam todas as religiões se não respeitam. E é precisamente o que ela fez ao reduzir a uma pauta feminista o conceito espiritual milenar de “mulher ajudadora”.

Simplificar intelectualmente o outro é um sinal não apenas de arrogância, mas de desprezo. Os progressistes, essa porção da esquerda que milita apenas no universo simbólico, têm o histórico de tratar evangélico como imbecil.

Na minha última coluna, alertei que Michelle havia jogado uma isca para a “feministolândia”. É aquele grupo que diz ser feminista, mas é o que a escritora Meghan Daum define como quarta onda do feminismo.

Não existe defesa de pautas concretas nem um histórico de vitórias concretas nesse grupo. São pessoas que de concreto fazem pouco mas usam sistematicamente e a sério conceitos como “ditadura do patriarcado” e “todo homem é um estuprador em potencial”.

Em vez de militar por avanços para as mulheres, passam o dia inteiro demonizando tudo o que seja masculino. Esse grupo também considera a família e os valores cristãos uma forma de opressão. Por isso imaginei que a isca fosse para a “feministolândia”.

São pessoas que pouco se importam com a vida real ou avanços para as mulheres. As prioridades são lutar para parecer lutadora, não parecer burra e parecer virtuosa. A provocação de Michelle parecia irresistível.

Ela lança uma expressão conhecidíssima no Brasil que frequenta igreja, quase todo ele, “mulher ajudadora”. Sabe que na mídia pouquíssimos entenderão do que se trata e é um meio onde simplificar intelectualmente o evangélico sempre foi prioridade.

Agora tem mais uma prioridade, que é sinalizar para o grupo de amigos que é contra Jair Bolsonaro. Ou seja, nada mais perfeito que pegar o que Michelle falou e interpretar de forma desinformada e arrogante para dar a lacradinha do dia.

A primeira-dama já fez isso outras vezes e sabe que dá resultado porque miram nela e acertam na mulher comum. Acertam na mãe de um, na filha do outro, na irmã, na avó, em quem importa para as pessoas.

Essa militância de universo simbólico age como se tivesse de convencer os próprios pares de que está militando, não os eleitores de que seu candidato é melhor.

Minha surpresa é que não foi a feministolândia que a artimanha funcionou melhor. Janja, a mulher de Lula, uma estrela na campanha, atravessou a rua só para poder pisar na casca de banana que Michelle jogou.

Debochou abertamente de um dos conceitos mais importantes não só para os cristãos, mas também para os judeus, o da “mulher ajudadora”. Reduziu a uma fala rasa, como se fosse o conceito machista de que a mulher é subordinada ao homem.

Disse ali, no ato falho, o que pensa dos religiosos. É gente rasa, sem complexidade de pensamento. Janja e a campanha não são obrigados a conhecer a Bíblia. Se tivessem respeito intelectual pelos cristãos, iriam antes se informar para saber se a expressão é o que parece ou algo específico do meio.

Não fizeram porque o julgamento que fazem dos cristãos impede que imaginem algo mais profundo que a platitude da mulher ser serva do homem. E não falta cristão mais na campanha de Lula para perguntar.

Bastava mandar um WhatsApp para Marina Silva e ela explicaria o conceito de “mulher ajudadora” bem melhor do que eu. O pastor Ariovaldo Ramos então, daria uma aula disso. O próprio Sergio Dusilek, que vive um cancelamento pelos pares depois de dizer que “a igreja deve pedir desculpas a Lula”, também explicaria direitinho.

Aliás, por que não perguntaram a Dom Angélico, que celebrou o casamento de Lula e Janja? A Igreja Católica também tem o conceito de “mulher ajudadora”, mas com outra tradução do hebraico “mulher auxiliar”. Soa ainda pior. Mas é auxílio à semelhança de Nossa Senhora Auxiliadora e do Auxílio de Deus.

Daniel Boorstin disse em seu livro de 1962, “The Image”, que o maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, é a ilusão do conhecimento. A “esquerda que a direita gosta” representa a frase com perfeição enquanto posa de esclarecida.

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