Homem corta cabeça da namorada grávida e bota foto no Facebook
Namorado é condenado a 25 anos por feminicídio por decapitar grávida e postar foto no Facebook
Fã da série de filmes ‘Jogos Mortais’, José Santos matou a adolescente Shirley Souza em 2015 em SP por desconfiar de suposta traição. Sentença foi confirmada em novembro pela Justiça.
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A Justiça de São Paulo condenou recentemente um homem a mais de 25 anos de prisão por feminicídio porque ele matou, decapitou, postou a foto da cabeça da namorada no Facebook, e ainda levou o crânio dela dentro de uma mochila até uma delegacia da capital em 2015.
Após mostrar a cabeça da estudante Shirley Souza, no 1º Distrito Policial (DP), na Sé, centro da cidade, o ajudante-geral José Ramos dos Santos, confessou o crime à Polícia Civil e foi preso. Ele tinha 23 anos à época; ela, apenas 16.
José alegou que assassinou a namorada adolescente por desconfiar que a filha que ela esperava não era dele. Para isso, foi a casa da vítima, e a esganou e asfixiou. Depois cortou o pescoço dela com uma faca.
Shirley estava grávida de seis meses. A bebê, que iria se chamar Nayara, também morreu. Testemunhas, no entanto, disseram que ele era o pai da criança.
O caso ocorrido em 26 de março de 2015 na Zona Sul da cidade foi amplamente divulgado pela imprensa à época. Após três anos preso, José foi julgado e condenado pelos crimes de homicídio qualificado (recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio), aborto (pela morte da bebê), ocultação e destruição de cadáver.
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José Santos usava a foto do personagem Jigsaw, da série de filmes ‘Jogos Mortais’, no Facebook. Foi nessa rede social que ele postou a foto da cabeça da namorada — Foto: Reprodução/Redes sociais
Feminicídio
O julgamento popular ocorreu em setembro na 1ª Vara do Júri no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste. Após decisão dos jurados pela condenação do réu, a juíza Renata Mahalem da Silva Teles aplicou a pena de 25 anos, cinco meses e dez dias de reclusão em regime fechado.
Em novembro a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo confirmou a decisão judicial ao G1. José continua detido numa das unidades prisionais do estado de São Paulo. O lugar não foi informado na sentença. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do condenado e nem a família da vítima para comentarem o caso.
O feminicídio é uma das qualificadoras do homicídio. Foi criado em 9 de março de 2015, dias antes do crime cometido por José. A nova lei passou a estabelecer que assassinato cometido por causa da condição de gênero da vítima é feminicídio. Nesse caso a pena é mais dura para quem o comete esse crime hediondo.
Sobre a morte da criança, a magistrada afirmou na sentença que José demonstrou “comportamento vil e perverso”. “O réu agiu com extrema frieza, raiva e menosprezo à vida humana, notadamente de sua companheira, grávida, com seis meses de gestação”, disse a juíza.
Para a juíza, José tem uma “personalidade fria e agressiva”.
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José postou outras fotos de Shirley no Facebook, inclusive ao lado do suposto amante, para acusá-la de traí-lo — Foto: Reprodução/Redes Sociais
A equipe de reportagem manteve o teor original do que o ajudante escreveu. Na sua rede social na internet José aparecia como Zél Past Troubled (algo como Zél Passado Atribulado, numa tradução livre do inglês para o português).
A foto que usava para se identificar não era a dele, mas do personagem Jigsaw da série do filme americano ‘Jogos Mortais’ (Saw, no título original). Na história de terror e suspense, um serial killer usa uma máscara e tortura suas vítimas, sempre cortando uma parte do corpo delas.
Quando se entregou e foi preso, José só dizia aos jornalistas “ela me traiu” sobre Shirley. Ao ser perguntado se estava arrependido de ter matado a namorada, respondeu: “por um lado sim, por outro não”.

Vizinho diz que é boato a traição que motivou decaptação de grávida
O crime
De acordo com a acusação feita pelo Ministério Público (MP0, José matou Shirley na casa onde ela morava com o irmão, na Rua Manuel Rodrigues Mexelhão, comunidade de Pedreira. Antes do crime, os dois transaram e depois discutiram por causa de uma suposta traição dela.
Segundo José relatou aos policiais que prenderam, a namorada confessou que manteve relações sexuais com outro homem, amigo do casal, seis meses antes. E que, por esse motivo, ele desconfiou que a bebê que ela esperava não seria dele.
Quando a adolescente se preparava para tomar banho, José aplicou um ‘gravata’, golpe no qual usa os braços para apertar o pescoço de alguém. Ela ficou sem respirar, perdeu os sentidos e desmaiou.
Em seguida, José contou que pensou que a namorada tinha morrido e decidiu decapitá-la com uma faca de cozinha. Depois enrolou e amarrou o corpo dela dentro de uma coberta e o colocou em atrás de um botijão de gás. Ele ainda limpou a casa para o irmão da vítima não desconfiar.
Com o passar do tempo, porém, o cadáver começou a exalar um cheiro forte e o ajudante decidiu leva-lo a uma viela, onde o corpo foi encontrado por moradores.
Ao saber disso, José guardou a cabeça de Shirley numa mochila, percorreu 30 quilômetros em ônibus e foi até a delegacia, onde mostrou o crânio e foi preso ao confessar o crime.