“Gravidez não afetou minha masculinidade’, diz homem TRANS

“Gravidez não afetou minha masculinidade’… O relato da irmã narra com detalhes essa jornada contra os tabus sociais, a transfobia e o desconhecimento sobre as questões de gênero e transexualidade que ainda impera na sociedade. E, no fim, faz a única conclusão possível: todo bebê que nasce é um milagre.


“Evan continuará amamentando por um tempo. Depois, vai começar a tomar testosterona novamente. Sua barba se encherá, seu peito vai diminuir ao ponto que ele vai se sentir mais confortável. Para os estranhos, sua família será como qualquer outra: um grupo de crianças e adultos que se juntaram um ao outro. À noite, meu irmão vai saber o que todos os pais sabem: este bebê é um milagre”.

Para o norte-americano Evan Hempel, de 35 anos, vivenciar sua transexualidade foi um desafio duplo: ele sofreu preconceito não só por decidir transicionar para o sexo com o qual se identificava mas por se tornar pai no meio do processo.
A história de Evan foi narrada pela irmã, Jessi Hempel, em um longo, sincero e emocionado relato, publicado no Time. No texto, ela conta os obstáculos que o irmão teve de enfrentar para realizar dois de seus maiores sonhos: olhar no espelho, reconhecer-se e ser pai.

Ela relembra que Evan nasceu com o sexo biológico feminino, mas sempre se identificou como homem. Quando criança, ele exercia papéis de gênero e brincadeiras comumente designados às meninas, como brincar de boneca.
Aos 19 anos, ele deu os primeiros passos para sua transição de gênero, ao revelar sua condição de homem transexual aos amigos, alterar o nome nos documentos e iniciar o tratamento de hormonioterapia.

No relato de Jessi, que foi traduzido pelo site NLucon, ela conta que o processo de mudança de sexo não afetou o desejo Evan de dar à luz a um filho.

Durante o tratamento, ele teve alergia a alguns antibióticos, e optou por não passar pela mastectomia (retirada dos seios), garantindo também a possibilidade de que um dia pudesse amamentar um bebê com seus próprios recursos.

Por ter mantido as mamas, a percepção social que as pessoas têm do corpo de Evan pode ser algo confuso. Jessi questionou o irmão se por esse motivo ele questionava a própria masculinidade, e se o discurso de que ele “é um homem preso no corpo de uma garota” é real. “Meus amigos não costumam falar isso. Eu sempre fui Evan, sempre tive essas partes, eu sempre me senti como eu, e eu sou um cara”, respondeu ele.

Parceiro de uma mulher cisgênero, Evan resolveu utilizar o esperma de um doador para alcançar o sonho da paternidade. Depois de algumas tentativas, veio de uma ligação de seu endocrinologista a notícia tão aguardada: Evan estava grávido.

Porém, não foi um caminho fácil. A trajetória da paternidade foi para ele uma sucessão de obstáculos e preconceitos, devido à transfobia ainda presente na sociedad, e inclusive de profissionais de saúde.

“Eu estava animada por ele, mas também assustada. Pensei no que os estranhos poderiam dizer ao meu pequeno irmão barbado, de barriga grande, quando ele teria nove meses. E eu me perguntava, ele estaria a salvo?”, contou a irmã ao Time, salientando que sabia da violência que pessoas trans passam.

“A gravidez pode levar os homens a reconhecer que eles ainda têm órgãos reprodutivos considerados femininos, o que para muitos pode ser difícil, no entanto gratificante pela possibilidade de engravidar”, explica a médica Juno Obedin-Maliver, de São Francisco.

Evan pariu com a ajuda da doula Clare Storck, que contou ao Time que se tratou do primeiro parto de “homem grávido” que ela acompanhou.

Todo o processo foi repleto de complicações de ordem burocrática, como o fato de o registro obstétrico de Evan não poder ser aberto no gênero masculino. Além disso, o seguro de saúde se recusou a cobrir os procedimentos por ele ser legalmente do sexo masculino, e só depois de muitas explicações, diálogo e persistência, é que o valor pôde ser reembolsado.

O relato da irmã narra com detalhes essa jornada contra os tabus sociais, a transfobia e o desconhecimento sobre as questões de gênero e transexualidade que ainda impera na sociedade. E, no fim, faz a única conclusão possível: todo bebê que nasce é um milagre.Gravidez não afetou minha masculinidade

“Evan continuará amamentando por um tempo. Depois, vai começar a tomar testosterona novamente. Sua barba se encherá, seu peito vai diminuir ao ponto que ele vai se sentir mais confortável. Para os estranhos, sua família será como qualquer outra: um grupo de crianças e adultos que se juntaram um ao outro. À noite, meu irmão vai saber o que todos os pais sabem: este bebê é um milagre”.

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