Corpo de morador de rua é desfigurado por ratos em Almada

Corpo de morador de rua é desfigurado por ratos em Almada

Septuagenário encontrado na arrecadação de um prédio onde dormia em Almada deveria estar morto há cinco dias.

Um sem-abrigo, com cerca de 70 anos, foi encontrado morto e desfigurado por ratazanas numa arrecadação exterior de um prédio em Almada. O alerta foi dado na noite de domingo por outro sem-abrigo que partilhava o espaço contíguo que servia de arrumos de garrafas de gás junto ao número 11 da Rua Ramiro Ferrão. Corpo de morador de rua é desfigurado por ratos em Almada

A testemunha foi ao café Central, no centro de Almada, a cerca de dois quilómetros, para dar o alerta e os bombeiros deslocaram-se ao espaço às 21.23 horas, encontrando Manuel morto. Estava desfigurado, irreconhecível, e pelo que foi possível apurar, já tinha falecido há cinco dias.

Manuel residia no espaço há cerca de 25 anos. Era visto a percorrer as ruas de Almada com livros debaixo do braço e era tido como simpático e afetuoso. A presença das ratazanas no espaço era recente. “Há seis meses que começaram a aparecer ali e eram bastantes”, conta Jorge Gomes, proprietário do talho adjacente à arrecadação. “Quando chegava ao talho, pelas seis da manhã, era costume ouvir os gritos deles porque estavam a ser mordidos pelas ratazanas”, refere o comerciante, que há cerca de um mês fez queixa aos serviços da Autarquia dos riscos dos ratos para a saúde pública.

“Disseram-me que iam tratar do assunto o mais depressa possível, mas nunca o fizeram”, lamenta. Ouvia diariamente os constantes gritos de aflição do homem a ser mordido pelas ratazanas

Vizinhos avisaram Câmara

Os dois sem-abrigo que pernoitavam no espaço traziam comida, que terá atraído as ratazanas. Margarida Pinto, moradora na zona, refere que a situação dos sem-abrigo já tinha sido comunicada por diversas vezes à Autarquia, “que nada fez”, conta.

Fonte oficial da Câmara de Almada adiantou ao JN que “a pessoa em causa não estava sinalizada na base de dados da Autarquia, nem era do conhecimento de nenhuma instituição”, avançando ainda que estão “sinalizadas 77 situações de pessoas sem abrigo no concelho”.

O espaço foi entijolado no início desta semana, estando agora os moradores a lidar com o problema das ratazanas que rondam os caixotes do lixo.

O sem-abrigo que deu o alerta encontra-se atualmente no quartel dos Bombeiros Voluntários de Almada.