Cor do meu filho faz com que as pessoas mudem de calçada, afirma Taís Araújo

No evento realizado na capital paulista, Taís Araújo foi convidada a falar sobre “como criar crianças doces num país ácido”. Ela e o marido, o também ator Lázaro Ramos, são pais de duas crianças, João Vicente e Maria Antônia.

Para a artista, ​a caçula, ao seu ver, poderá experimentar desafios ainda maiores que o irmão. “A vida dele só não vai ser mais difícil que a da minha filha. Quando eu penso os riscos que ela corre simplesmente por ter nascido mulher e negra, eu fico completamente apavorada”.

ATIVISMO

Durante o discurso, Araújo, que é Defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres, ainda citou alguns dados do Mapa da Violência 2015: o homicídio contra negras aumentou 54% nos últimos dez anos; enquanto a incidência do mesmo crime contra mulheres brancas diminuiu 9%.

Araújo cobrou maior ação do governo e da iniciativa privada para diminuir situações de desigualdade racial e entre gêneros, além da criação de programas que promovam a diversidade.

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“Os meus filhos são crianças ainda, eu não sei qual será a condição sexual deles. O que eu desejo para eles é o que eu desejo para toda criança, seja branca, negra, indígena, heterossexual, homossexual, trans… Eu desejo que eles cresçam livres, cheios de amor e coragem. Que sejam crianças potentes”, completou a atriz.

BIOGRAFIA

Taís Araújo nasceu em um família de classe média alta no Rio de Janeiro – seu pai, Ademir, era economista, e a mãe, Mercedes, era pedagoga. Mas a segurança financeira que permitia pagar boas e caras escolas nunca fechou seus olhos para a desigualdade racial. Na escola, uma colega havia perguntando se quem pagava os seus estudos era a patroa da mãe dela, supondo que uma família negra não pudesse ter condições de pagar as mensalidades. O episódio marcou logo cedo a vida da atriz, que passou a ter verdadeira adoração pelo líder da resistência contra o apartheid na África do Sul, Nelson Mandela. O mesmo entusiasmo a faria, anos mais tarde, viajar até os Estados Unidos para assistir à posse de Barack Obama, o primeiro presidente negro do potência mundial.

Sua vida como modelo começou quando tinha apenas 11 anos. Aos 14, fez figuração na abertura da novela “Pátria Minha”. Contudo, foi apenas aos 15 que iniciou sua carreira como atriz no papel de Bernarda em “Tocaia Grande”, da extinta TV Manchete. Mesmo já tendo ingressado na televisão, a jovem ficaria, aos 17 anos, na dúvida entre seguir a carreira artística e estudar Odontologia. Justamente nesta época, ganhou o papel de protagonista da novela “Xica da Silva”. Era a primeira vez que uma atriz negra era o centro da trama na televisão brasileira. A novela foi exportada para diversos países, fazendo com que a nova atriz rapidamente ficasse conhecida mundialmente e fosse eleita pela revista “People” de 2000 um dos 50 rostos mais bonitos do mundo.

Em 1997 Taís fechou contrato com a Globo para formar o elenco da novela “Anjo Mau”. No ano seguinte ingressou também no cinema participando do filme “Caminho dos Sonhos” (uma carreira que, nas telonas, seria consagrada em 2003 e 2004, respectivamente, com os filmes “Estrela Solitária” e “As Filhas do Vento”). Na televisão foi acumulando personagens coadjuvantes, como Selma de “Porto dos Milagres”, em 2001, e Dandara em “O Quinto dos Infernos”, de 2002. Foi em 2004 que Taís Araújoassumiu na emissora carioca o papel de protagonista em “A Cor do Pecado”, no papel de Preta. O enredo foi transmitido em mais de cem países. Em “Cobras e Lagartos”, de 2006, a atriz incorporou sua primeira vilã e, mesmo não sendo protagonista, arrancou a atenção do público como se fosse a personagem principal.

Taís Araújo

Graduada em Jornalismo em 2008, Taís Araújo chegou a assinar matérias para a Folha de S. Paulo e para a revista Marie Claire. No embalo, conquistou um espaço especial no GNT com o programa “Superbonita”. Foi morar na França para estudar, mas teve os planos interrompidos pelo convite de Manoel Carlos para assumir o papel de Helena – nome dado a todas as protagonistas de novelas por ele escritas – em “Viver a Vida”, de 2009. Entretanto, duras críticas foram feitas em relação a sua atuação e química com o seu par romântico interpretado por José Mayer. Em 2010, distante da televisão, assumiu dois enredos nos palcos: “Gimba, o Presidente dos Valentes” e “Amores, Perdas e Meus Vestidos”.