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Disputa interna acirrada do PT em Salvador gera racha e incerteza para a corrida eleitoral em 2024

por Léo de Topó 

Há uma semana, um encontro convocado pelo Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) para discutir os planos do partido na corrida eleitoral em Salvador no próximo ano terminou em tumulto, revelando um racha entre os líderes de dois grupos com poder de influência. De um lado está o senador Jaques Wagner e, do outro, o antigo pupilo político Rui Costa, atual ministro da Casa Civil. A disputa gira em torno do controle sobre a escolha do candidato da base petista ao Palácio Thomé de Souza, enfrentando o atual prefeito Bruno Reis, do partido União Brasil, que é considerado favorito até o momento.

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Publicamente, o motivo alegado para o tumulto no encontro foi a suposta insatisfação com a postura do presidente estadual do PT, Éden Valadares, um dos aliados mais leais a Jaques Wagner. A ausência de Valadares na reunião tornou o vice, Glauco Chalegre, o alvo das críticas dos dirigentes e militantes petistas presentes.

Porém, parlamentares e líderes do PT e de partidos aliados afirmam que o verdadeiro pano de fundo da confusão é a tentativa de Rui Costa de impor a candidatura de José Trindade, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder), como candidato da base governista. Essa escolha enfrenta forte rejeição dentro do PT e também no PSB, partido ao qual Trindade é filiado, cujo comando na Bahia pertence à deputada federal Lidice da Mata.

Muitos acreditam que a insistência de Rui em apoiar Trindade se deve à gratidão pelo apoio dado pelo diretor-presidente da Conder durante a sucessão estadual de 2022, quando a liberação de recursos da Conder para diversos municípios foi considerada crucial para a vitória do atual governador Jerônimo Rodrigues, do PT, contra o ex-prefeito ACM, da União Brasil.

Rui Costa enfrenta duas grandes barreiras em sua tentativa de consolidar a candidatura de Trindade. Primeiramente, ele criou atritos com outros ministros poderosos, como Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, e essa disputa interna levou o presidente Lula a restringir o raio de ação do ministro baiano nessa área.

Além disso, Rui tem pouca simpatia entre os integrantes do PT e deputados da base, que o acusam de ter um temperamento pouco afeito ao diálogo político e de adotar um estilo “rolo-compressor” no tratamento com aliados durante suas duas gestões como governador da Bahia.

Por outro lado, Jaques Wagner conta com maior apoio dentro do PT e agrega adesão entre outros partidos importantes da base, como PSD, PCdoB, PSB e MDB. Ele é visto como um líder mais aberto ao diálogo e com maior habilidade política, o que lhe confere uma vantagem na disputa interna.

Wagner tem adotado o discurso de que o candidato à prefeitura de Salvador deve ser construído em consenso com as lideranças do bloco governista e defende que o nome não precisa necessariamente ser do PT. Ele tem lançado múltiplos nomes para a corrida eleitoral de 2024, incluindo Robinson Almeida, deputado estadual e ex-secretário de Comunicação nas duas gestões de Wagner, e Maria Marighella, vereadora licenciada da capital e presidente da Fundação Nacional das Artes (Funarte).

Enquanto as lideranças do PT se movimentam, todas as atenções se voltam para o governador Jerônimo Rodrigues, que é considerado a peça-chave para a decisão final. Embora grato a Rui Costa por sua vitória nas urnas, Jerônimo não é visto como um soldado a serviço do antecessor, o que torna sua posição estratégica nesse cenário.

Apesar das tensões entre Wagner e Rui, os interlocutores afirmam que a relação de ambos está longe da inimizade, mas também não se assemelha à amizade de tempos passados. Enquanto a disputa pela candidatura perdura, o PT busca encontrar uma solução que não divida a base governista, ciente de que enfrentar um prefeito com alta aprovação junto ao eleitorado e com um grupo coeso seria uma tarefa desafiadora.

Nesse jogo de xadrez político, o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é visto como uma carta importante, e Wagner, sendo um importante e leal conselheiro de Lula, pode se beneficiar disso no momento decisivo da disputa. Com o candidato da base ainda indefinido, os próximos passos de ambos os líderes do PT irão moldar o cenário político em Salvador e influenciar as eleições municipais de 2024.

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