A transexual Renata Peron foi espancada por nove homens e perdeu o rim. Danilo Pimentel levou uma pedrada na cabeça. Jonathan dos Santos teve o nariz quebrado. Julia foi xingada por três horas na praia. Os quatro foram vítimas de homofobia em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas a agressão física é só a ponta de uma rede de intolerância que a comunidade LGBT convive no dia a dia.
O G1 convidou os quatro para lerem comentários homofóbicos de reportagens do massacre de Orlando, que deixou 49 pessoas mortas em uma boate gay há um mês, dia 12 de junho, mais o atirador.


Os comentários lidos pelos entrevistados, considerados ofensivos, foram apagados das reportagens após moderação.

Agressões

Renata de Moraes Pessoa, conhecida artisticamente como Renata Peron, tem 39 anos e é paraibana. Ela mora em São Paulo há 12 anos. Em 2007, andava pela Praça da República, no Centro de São Paulo, quando foi atacada por nove homens. “Eles me deram chutes, eu caí para o lado, e com isso eu acabei perdendo um rim”.


Após a tragédia, ela criou o Centro de Apoio Social e Inclusão Social para Travestis e Transexuais (Cais). Além da militância, é recepcionista da SP Escola de Teatro, cantora de música brasileira, e acabou de ser formar em Serviço Social.

Em 2014, o designer gráfico Danilo Pimentel havia acabado de voltar de uma temporada de três anos nos Estados Unidos e foi para a Rua Augusta comemorar um emprego novo com amigos. Eles caminhavam em direção a um bar quando cruzaram dois rapazes. Um deles iniciou uma discussão. “Ele implicou com um dos meus amigos e começou a ir para cima dele. Todo mundo tentou apartar. Ele encurralou meu amigo na parede e deu três socos”.

A briga foi encerrada, e o grupo seguiu caminhando pela rua no sentido contrário ao do agressor. Minutos depois, o rapaz correu atrás dos jovens com um paralelepípedo nas mãos e atingiu o rosto de Danilo. “Ele estava com um pedaço de pedra na mão e ele sequer jogou a pedra em mim, ele literalmente me acertou com a pedra na mão”. “Eu automaticamente desmaiei na hora, caí de cara no chão”.

O estudante de publicidade Jonathan dos Santos saía de uma festa em Campo Grande, no Rio de Janeiro, quando foi atacado.”O garoto me puxou, falei ‘dá pra vc me respeitar’, e aí o amigo dele me jogou pra fora da van e começou a agressão”. Ele foi para a emergência de um hospital e descobriu que teve o nariz quebrado.

Em uma praia do Rio de Janeiro, a estudante de comunicação Julia Senna e a namorada foram xingadas durante três horas por um homem que não aceitava a presença do casal. “E a gente ficou ali, ficou muio tensa, ficou muito triste”.

*Colaborou Lívia Machado, do G1 São Paulo.

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