PMs envolvidos em ação que resultou em morte de garota de 11 anos na Bahia são afastados das ruas

Família acusa PMs de terem disparado tiro que atingiu criança em Salvador. Inquérito foi instaurado para apurar ocorrência e tem prazo de 40 dias para ser concluído.

Os PMs envolvidos na ação que resultou na morte da menina Geovanna Nogueira da Paixão, de 11 anos, no bairro Jardim Santo Inácio, em Salvador, entregaram as armas para serem periciadas e foram afastados dos trabalhos nas ruas. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (26) pela assessoria de comunicação da Polícia Militar.

Leia também: Ele ATIROU mais de 30 vezes contra jovem e bebê de 8 dias de vida, diz polícia

Geovanna foi baleada na porta da casa onde morava durante uma operação policial, na manhã de quarta-feira (24). Os policiais afirmaram que houve uma troca de tiros com suspeitos na região. Já os familiares da vítima negam a versão e acusam os PMs de chegarem atirando no bairro e de terem deflagrado o disparo que matou a menina, atingida na cabeça.

Conforme a PM, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado pela Corregedoria da corporação no mesmo dia do ocorrido, para apurar de onde partiu o disparo que matou a garota. A polícia não informou quantos policiais participaram da ação e nem os nomes dos agentes, lotados na 48ª Companhia Independente (CIPM/Mata Escura). O tipo de arma usadas por eles também não foi divulgado.

No dia do ocorrido, ainda conforme a corporação, familiares da garota foram ouvidos e foi realizada a perícia no local da ocorrência. As armas dos policiais, afastados das atividades operacionais até a conclusão do IPM, foram recolhidas para perícia no Departamento de Polícia Técnica (DPT). O prazo de apuração é de 40 dias, podendo ser prorrogável por mais 20 dias. A corporação disse ainda que só irá se posicionar após a conclusão do inquérito.

Enterro

PMs

Geovanna Nogueira foi sepultada no início da tarde desta sexta-feira em Salvador. (Foto: Maiana Belo / G1)

Sob muita comoção, Geovanna foi enterrada no início da tarde desta sexta-feira (26), no Cemitério Municipal de Paripe, no subúrbio de Salvador. Amigos e familiares da menina acompanharam a despedida. Eles levaram cartazes com pedido de Justiça e também vestiram camisas com a foto da garota.

As crianças que foram ao enterro levaram balões brancos e pretos, onde estavam escrito: “Geovanna, luto”. Alguns cartazes traziam frases como: “Menos bala, mais amor”, “Imprudência não é acidente, é crime” e “E se fosse um filho seu?”.

PMs

Amigos e familiares participaram de enterro da garota com cartazes com pedidos de justiça. (Foto: Maiana Belo/G1)

Caso

De acordo com a Polícia Militar, agentes da 48ª Companhia Independente (CIPM/Mata Escura) faziam buscas por autores de homicídios na localidade conhecida como “Paz e Vida”, quando foram recebidos a tiros por criminosos.

A PM disse que revidou a ação dos bandidos quando, ao final do confronto, escutou os gritos de um homem pedindo socorro para a garota que foi baleada. A vítima foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santo Inácio, mas não resistiu ao ferimento.

O avô da criança, Francisco Carlos Nogueira, de 66 anos, disse que a neta foi baleada quando ele estava chegando em casa. Ela foi abrir a porta para ele entrar.

Familiares contam que a menina foi atingida por um tiro na cabeça. Por conta da morte, moradores realizaram um protesto na entrada do bairro de Santo Inácio ainda na quarta-feira. Na quinta-feira (25), um ônibus foi incendiado na região e a polícia apura se tem relação com a morte da garota.

G1