Papa Francisco não é digno da cadeira de Pedro

O Papa Francisco não é digno da cadeira de Pedro.

Eu ouvi esta frase idiota de uma pessoa, um dia após um arcebispo italiano, que atuou no corpo diplomático do Vaticano, ter divulgado uma carta à imprensa na qual acusa o Papa Francisco de ter acobertado um cardeal norte-americano, acusado de pedofilia. Papa Francisco não é digno da cadeira de Pedro?

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Na carta, inclusive, o prelado italiano pede a renúncia do Papa à cadeira de Pedro. O caso do cardeal é notório, mas, a acusação contra Francisco carece de provas. O italiano não apresentou nenhuma. Aliás, recuso-me, neste artigo, a citar o nome deste infeliz denunciante.

As tormentas que Jesus Cristo enfrentou, enquanto esteve neste mundo, Francisco as enfrenta agora, guardadas as devidas proporções. Porém, Francisco não é o único Papa a ser contestado dentro da própria Igreja. Outros também o foram, mais ou menos.

Com Francisco a situação de contrariedade por uma parte do “alto clero”, mas, também, no “baixo clero”, é gritante. Por que será? Por ele ser jesuíta (o primeiro Papa inaciano), por ser cá do fim do mundo, como ele mesmo o disse, quando de sua primeira fala ao povo, como Sumo Pontífice, por ser, então, latino-americano, isto é, do terceiro mundo desprezado pelos purpurados do hemisfério norte, especialmente da Europa, branca, rica, dita civilizada, mas, que, arrastou o mundo para duas grandes guerras, além de, como continente predador, colonizou o resto do mundo, explorando-o o quanto pôde e matando milhões de nativos, na América, na África, na Ásia e na Oceania?

José Lima Santana

Francisco não agrada pela sua simplicidade, vista pelo clero conservador e ultraconservador como liberal demais para estar onde o colocaram? Por que, então, o elegeram, dentre dezenas de cardeais?

Estes que o acusam disso ou daquilo não crêem na assistência do Santo Espírito, quando da eleição papal? Estariam contestando um ensinamento da Igreja? Foi no que deu eleger um cardeal que cozinhava a própria comida, que não viajava na primeira classe dos aviões de carreira, que andava com uma pasta surrada, que dispensou os sapatos vermelhos, o palácio pontifício, o carrão de luxo, que tem se preocupado com os pobres de Roma e do mundo.

Um Papa desse não serve aos “bem nascidos”, que esqueceram que o Filho de Deus nasceu numa manjedoura e não fazem de seus corações novas manjedouras para acolher, no dia a dia, o mesmo Menino, que veio a nós como Luz para vencer as trevas, e que se encarna nos irmãos e nas irmãs que mais sofrem.

Estes clérigos (ou leigos, quando é o caso) malfadados vivem nas trevas das suas mesquinharias, do seu desamor, do seu espírito de porco. Que Deus na sua infinita misericórdia tenha pena de suas almas, quando chegar a hora de cada um deles.

O arcebispo italiano deveria ter apresentado provas de que Francisco acobertou o celerado cardeal pedófilo. Ele não as deve ter. Não as tem, com certeza. E por que, então, fez o que fez? Estará agindo a soldo de alguém, de algum grupo dentre os contestadores de Francisco?

Sendo um serviçal de última categoria daqueles que o usaram, porque ainda mantêm-se em cargos eclesiásticos no Vaticano ou fora dele? Dá nojo só de pensar nessa gentalha, que se acoberta no manto da Igreja para engendrar as suas maléficas elocubrações. Estejam onde estiverem.

É evidente que uma pessoa não agrade a todas as outras. E não se poderia querer que fosse diferente. Há quem não goste de Francisco, como há quem não gostava de Bento XVI, de João Paulo II, de Paulo VI, de João XXIII, de Pio II etc.  Até de João Paulo I, que viveu tão pouco como Papa. Ora pode-se não gostar do estilo do Papa, ora da sua doutrina etc. Isso é mais do que natural. Agora, chegar-se ao ponto de dizer besteiras e maldades contra o sucessor de Pedro, é um desatino.

Mentes medíocres, maléficas, ancoradas no passadismo, tradicionalistas ao extremo, que, sendo consideradas as devidas distâncias, formariam, se fosse o caso, no grupo de apóstolos que, centrados em Israel, após a ressurreição do Cristo, entendiam que Ele veio apenas para salvar os judeus, daí o atrito com Paulo, que entendeu corretamente que Jesus veio para todos.

Francisco é um homem de todos, embora, também corretamente, volta-se para os que estão à margem das benesses da vida, que sejam de ordem espiritual, que sejam de ordem material.

A Igreja é porta de entrada para todos. E por ser porta de entrada, não pode nem deve fechar-se em suas quatro paredes. Ela precisa seguir o caminho do Salvador, que saiu pelo mundo, anunciando o Reino e a sua Boa Nova.

Dizem alguns que Francisco é, teologicamente, frágil. Meu Deus! Francisco é um jesuíta. Os inacianos não são frágeis em teologia. Não são. E Francisco não o é. Ele pode até, na ânsia de ver a Igreja em saída, querer antecipar ou mudar situações incômodas para alguns. É um Papa com os pés no chão, que deve muito bem ter assimilado esta frase de Jesus Cristo:

“O Filho do homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8,20; Lc 9,58). Muitos, contudo, não assimilaram. Com certeza. Por isso, dizem e fazem muitas besteiras e maldades.
Francisco é o homem certo, neste momento tão crucial da nossa querida Igreja.

Ele é mais do que digno, sim, de ocupar a cadeira de Pedro. Que Deus o abençoe e o livre das serpentes e dos escorpiões.