A oposição venezuelana formalizou neste domingo (30) sua negativa a retomar um diálogo fracassado com o governo de Nicolás Maduro “se não houver garantias”, em carta ao Papa Francisco após sua oferta de mediar na crise do país.

Francisco disse no sábado estar disposto à mediação do Vaticano com “condições muito claras”, embora tenha assegurado que “a oposição está dividida” sobre o assunto. O pontífice insistiu neste domingo, pedindo que se ponha um fim à violência e para encontrar “soluções negociadas”.

“O senhor (…) expressou em várias oportunidades que se não há garantias e ‘condições muito claras’ de parte do regime, não há possibilidade nem de diálogo nem de resolver esta gravíssima crise”, indicou a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) em sua carta ao pontífice.

A aliança agradeceu “profundamente” ao papa “sua constante preocupação por nosso sofrido país”, em um momento de alta tensão com protestos opositores que deixaram 28 mortos e centenas de feridos e detidos desde 1º de abril.

A oposição abandonou em dezembro passado a mesa de diálogo, instalada em outubro com o acompanhamento do Vaticano e da União de Nações Sul-americanas (Unasul), ao acusar o chavismo de descumprir acordos em função da aprovação de um “cronograma eleitoral” e a liberação de “presos políticos”.

A MUD negou divisões internas, como sustentou Francisco. “Os venezuelanos estamos hoje mais unidos do que nunca em torno da demanda de uma mudança política no país. E os fatores que conformam a Mesa da Unidade Democrática também estão”, destacou, ao insistir em sua exigência de eleições gerais em 2017.

A oposição pede a antecipação das eleições presidenciais de dezembro de 2018, o que Maduro rejeita taxativamente.

Mais cedo, o presidente saudou a oferta papal. “Se digo diálogo, fogem apavorados, não querem diálogo. Ontem arremeteram contra o papa Francisco. Eu respeito as expressões do papa Francisco”, declarou em seu programa dominical na emissora estatal VTV.

No sábado, depois da proposta de Francisco, dirigentes opositores como o ex-candidato presidencial Henrique Capriles tinham descartado retomar o diálogo.

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