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Economia com Lula é incerta e Bolsonaro ainda pode vencer, diz Meirelles

Ex-ministro que apoia petista faz análise pessimista sobre o que seria eventual governo de Lula e diz que ideias de esquerda seguem predominantes. O ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, 77 anos, fez uma análise pessimista do que poderá ser a economia num eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caso ele vença o 2º turno da eleição presidencial. Disse haver incertezas, predominância de ideias de economistas estatizantes e que Jair Bolsonaro (PL) ainda tem chance de ser reeleito.

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O 1º governo de Lula foi muito responsável do ponto de vista fiscal. O 2º, menos e mais aberto a demandas políticas. E o 3º governo do PT, com Dilma Rousseff, acabou numa recessão, explicou Meirelles para um grupo de pessoas que paga para receber informações da consultoria Eurasia. Aí o ex-ministro completou: “A questão é saber qual dos 3 modelos ele vai adotar se vencer”.

E o que Meirelles acha? “Eu acho que depende. Se você considera o atual programa de governo de Lula [apresentado apenas de maneira epidérmica na campanha], isso será uma má notícia. O plano foi preparado levando em conta uma visão similar à do 3º governo do PT, a administração de Dilma Rousseff, especialmente porque quem desenvolveu esse programa foi um grupo de economistas que acreditam fortemente no papel do Estado e de empresas estatais com indutores do desenvolvimento”, disse Meirelles. Em seguida, concluiu: “E essa visão é a que está prevalecendo neste momento”.

Meirelles participou de uma conferência telefônica da Eurasia. Não está claro no relatório da empresa quando foi a conversa. Assinantes do serviço receberam a transcrição de parte da apresentação nesta 3ª feira (18.out.2022). O Poder360 leu o documento (PDF – 272KB).

O ex-ministro da Fazenda foi franco, levantou mais dúvidas do que apresentou certezas. Quem lê o que foi dito por Meirelles fica sem saber como poderá ser um eventual governo Lula na área econômica.

Meirelles foi presidente do BC nos 2 mandatos de Lula (2003-2010). No governo de Michel Temer (2016-2018) foi ministro da Fazenda e idealizou a regra do teto dos gastos, aprovada pelo Congresso como emenda constitucional. Há alguns dias ele tem sido cogitado, inclusive, para voltar a integrar a equipe econômica no caso de uma vitória petista. Suas declarações podem colocar essa possibilidade em risco.

Na conversa, reafirmou que apoia o petista. Mas não se mostrou convicto sobre a possibilidade de vitória do PT. Disse que há chances de reeleição de Jair Bolsonaro (PL). “Lula é favorito, mas ainda acho que Bolsonaro pode vencer”, afirmou.

Na avaliação do ex-ministro, há dúvidas sobre o que Lula decidirá fazer na economia se eleito. Ele afirmou que houve grande variação nessa área nos mandatos de Lula e de sua sucessora, Dilma Rousseff (PT).

O ex-ministro contou a seus interlocutores que Lula escolheu não barrar Dilma como candidata a presidente, mesmo tendo sido alertado sobre uma linha econômica diferente poderia ser adotada. “Assessores avisaram Lula sobre como Dilma comandaria a área fiscal de maneira diferente, mas ele decidiu apoiá-la mesmo assim em 2010”, disse Meirelles.

Para Meirelles, o plano atual que tem sido apresentado, ainda que de maneira preliminar por Lula, foi inspirado em políticas de Dilma Rousseff.

“O plano foi preparado levando em conta uma visão similar à do 3º governo do PT, a administração de Dilma Rousseff, especialmente porque quem desenvolveu esse programa foi um grupo de economistas que acredita fortemente no papel do Estado e de empresas estatais com indutores do desenvolvimento”, afirmou o ex-ministro.

Ele falou também de outros economistas que apoiam o petista: “Há um outro grupo que apoia Lula. É um grupo mais liberal, no sentido europeu do termo e não o usado nos EUA, que se preocupa mais com responsabilidade fiscal e sustentabilidade da dívida. Esse grupo apoia a ideia de aumentar as despesas do governo além do teto como forma de promover crescimento e quer uma autorização do Congresso”.

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