Leão Lobo diz que assassinos de Suzano precisavam de cuidados

Leão Lobo diz que assassinos de Suzano precisavam de cuidados

Terceiro suspeito no ataque em Suzano nega participação e fala dos atiradores

Menor de idade falou com o jornal Independente depois de apresentar à polícia e negou participação no massacre; ele ainda deu detalhes da amizade com Guilherme Taucci Monteiro: “Ele falava de Columbine o tempo inteiro”. Leão Lobo diz que assassinos de Suzano precisavam de cuidados

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Leão Lobo diz que assassinos de Suzano precisavam de cuidados

Um menor de idade suspeito de participar do massacre de Suzano concedeu uma entrevista um dia antes de se apresentar à Justiça. Ele, que teve o nome preservado, falou com os jornalistas Rafael Bruza e Bruna Pannunzio, do Independente, negou qualquer participação no crime e disse que estava colaborando com as investigações.

Na conversa, que durou pouco mais de 15 minutos, o menor de idade fala da amizade com Guilherme Taucci Monteiro, que ele aponta como mentor do ataque, do fascínio do jovem pelo massacre de Columbine e nega que o amigo tenha sido vítima de bullying na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano .

“Umas das maiores mentiras que estão falando é que o Taucci sofria bullying, ele nunca sofreu bullying”, disse o jovem, que ainda negou que o amigo usava drogas. “Ele achava perdedor quem usava drogas, por causa da situação da mãe dele [que é dependente química]. Família para ele era só os avós”, explicou o amigo do atirador, que ainda atacou o tio de Guilherme, Jorge Antonio de Moraes, que foi morto pela dupla antes da invasão à escola.

“Ele era o maior canalha dessa mundo. Sempre teve uma renda excelente e nunca ajudou a família com nada. Quando ele contratou o Guilherme para trabalhar, ele pagava só R$ 300 por mês”, disse. O jovem acredita que Taucci tenha matado o tio por vingança e acrescenta que Jorge “merecia”.

O menor de idade explica que ele e Guilherme Taucci eram “melhores amigos” quando estudavam na EE Raul Brasil, mas que haviam se afastado pro um tempo. “Ele enchia o saco, era um ateu muito chato e eu sou critão”, diz. No entanto, os dois se reaproximaram nos últimos tempos. “Ele me chamou pra ir no shopping de Tatuapé e fomos no stand de airsoft para dar tiros com arcos e pistolas a gás que simulam armas reais.”

Ele ainda relata o obsessão do amigo pelo massacre de Columbine. “Ele sempre falava. ‘Imagina se alguém invadisse a escola? Como você ia fazer?’ Aí eu respondia, mas eu não sabia que ele ia fazer uma coisa dessas. Eu mesmo sou obcecado por armas, mas não tenho nenhuma arma e nem sairia atirando numa multidão”, disse.

Sobre o outro atirador, o jovem deu poucos detalhes. “O Luiz Henrique eu conheci através do Taucci. Ele era bem fechado, mas a gente andava junto, brincava”, disse. “Mas foi o Taucci que influenciou o Luiz, que era muito ‘maria-vai-com-as-outras”, explicou.

O menor disse que também acreditava que era mentira a informação que revelou que Guilherme Taucci frequentava fóruns na deep web. “O computador dele era ruim”. Sobre o crime, o amigo acredita que Taucci tenha “gostado”. “Deve ter dado uma sensação de poder pra ele”, disse.

“Ele era um cara que conseguia a confiança das pessoas fácil, mas ele mesmo não confiava em ninguém. Confiava só em mim, mas nem pra mim ele falou isso da escola”, refletiu. “O cara era meu melhor amigo, era praticamente meu irmão”, lembra.

Sobre a investigação, o menor de idade mostrou confiança. “Quem não deve não teme e eu não tive nada a ver com o que aconteceu”, se defendeu. O jovem, que foi entrevistado nesta quinta-feira (14), falou que a polícia tinha ficado com o seu celular.

O terceiro suspeito foi apreendido na manhã desta sexta-feira (15) após a Justiça acatar o pedido da polícia Civil do estado de São Paulo. O adolescente estudou com o atirador Guilherme Taucci Monteiro , de 17 anos, e é suspeito de ter ajudado ele e o jardineiro Luiz Henrique de Castro, 25, a planejar o  massacre em Suzano , que deixou 10 pessoas mortas, entre elas os dois atiradores.

Ao se apresentar, o adolescente usava um moletom preto e cobria a cabeça. Agora, pela manhã, ele participa de uma audiência de apresentação na Vara da Infância e da Juventude. Mais tarde, o jovem foi ouvido e acabou sendo liberado pelo Ministério Público.