Especialista dá dicas essenciais para praticar (ou não) a dieta

Endocrinologista explicou ao Jornal Opção os riscos e benefícios da dieta que tem se popularizado cada dia mais

O jejum intermitente tem sido uma prática muito utilizada para perder peso, muito divulgada por famosos e até por especialistas de saúde. Nesse método, a pessoa come apenas quando sente fome e, por isso, o jejum pode variar entre oito, dez, 12 ou mais horas. Mas será que a prática dá resultado? Quais os prós e contras?

Em entrevista ao Jornal Opção, a endocrinologista Leandra Negretto disse que “o jejum intermitente é mais uma estratégia dietética dentro do escopo atual de dietas emagrecedoras”. Ele é indicado para pessoas que conseguem permanecer muitas horas sem ingerir alimentos ou ingerindo pouquíssima quantidade de comida, desde que não haja contraindicações.

“O jejum intermitente parece ser uma abordagem dietética promissora para aqueles que visam o emagrecimento e a melhora metabólica e que toleram, com segurança, permanecer longos intervalos de tempo sem se alimentar, ou comendo pouquíssimo. Se comprovados os efeitos atualmente em estudo, o Jejum Intermitente se tornará ferramenta de grande valia na prática clinica e na saúde pública”, adianta.

Segundo ela, como ainda se tem poucos dados de pesquisa sobre esse tipo de dieta, não se pode dizer especificamente quem pode ou não praticá-la, mas uma coisa é certa: para pacientes com alto risco de hipoglicemia (como os diabéticos usuários de insulina, por exemplo) o jejum intermitente é muito arriscado.

Benefícios e riscos

Os benefícios, segundo os maiores estudos da área, podem aparecer sim, como a melhora no perfil das gorduras que circulam no sangue, dentre elas o colesterol e os triglicérides. “Aparentemente quase todos os regimes de jejum intermitente podem resultar em perda de peso, assim como dietas convencionais com diminuição da ingestão de calorias”, acrescentou.

Além disso, estudos que já foram feitos com roedores e mamíferos noturnos mostram “que o jejum é capaz de melhorar vários aspectos metabólicos, provocando diminuição da glicose, das gorduras no sangue (dentre elas o colesterol), de fatores inflamatórios e da insulina, reduzindo assim os riscos de obesidade e de doenças relacionadas à obesidade, tais como a doença gordurosa do fígado, diabetes e câncer”. “Porém os dados em humanos ainda são limitados”, ponderou.

Outro alerta que a médica faz é com relação à individualidade de cada paciente. “Muitos pacientes têm dúvidas sobre a melhor dieta a ser seguida, esquecendo-se, porém, das peculiaridades de cada um no que tange ao objetivo a ser alcançado, rotina de vida, gostos e preferências alimentares, hábitos culturais e personalidade de cada um. Jejum intermitente não é para todo mundo. A pessoa tem que ser capaz de se privar totalmente de alimento por um intervalo de tempo ou conseguir comer muito pouco durante muitas horas”, indicou.

E é preciso tomar cuidado, já que “o regime de jejum em dias alternados pode causar fome intensa durante a realização do jejum propriamente dito, o que o torna de difícil execução, diminuindo a adesão à dieta”. “Apesar disso, esse esquema de jejum é um dos mais efetivos para perda de peso”, disse ela.

Para quem está com dúvidas sobre começar ou não o jejum intermitente, em geral, as evidências sugerem que a prática não é prejudicial fisicamente ou mentalmente, seja em pessoas com peso normal, seja naquelas com excesso de peso ou mesmo obesidade.

Rotina

Com empenho e dedicação, qualquer pessoa é capaz de adequar sua rotina à dieta. Segundo a especialista, isso é conseguido de forma mais eficaz com o auxílio de um(a) nutricionista, que é o(a) profissional mais indicado(a) para a preparação de uma dieta nesses moldes, levando-se em conta cada paciente.

Para quem quer tentar o jejum intermitente, Leandra sempre diz o seguinte: “Talvez ele vá se adaptar e ter muitos benefícios, mas talvez não”. “O jejum intermitente é mais uma modalidade de dieta, como tantas outras, em que algumas pessoas vão se adaptar e outras não”, afirma.

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Alternativas

Segunda a especialista, a alimentação de 3 em 3 horas foi quase uma ditadura por muito tempo, porém sem tanto respaldo científico. “Vários estudos já contradiziam essa estratégia. Porém, a depender do objetivo da pessoa, ela é sim muito oportuna. Para aqueles que querem ganhar massa muscular, por exemplo, alimentar-se em curtos intervalos de tempo geralmente é muito eficiente. Lembrando que não basta alimentar-se nos horários certos, se a composição dos alimentos estiver errada”, explicou.

dieta

Além disso, é importante lembrar que a dieta consiste em cerca de 70% do sucesso do emagrecimento; os outros 30% estão a cargo da atividade física, do sono restaurador, entre outros fatores, portanto, a chave do emagrecimento é encontrar uma estratégia dietética condizente com as peculiaridades de cada indivíduo. “Na minha prática clínica procuro buscar, em conjunto com cada paciente, justamente qual estratégia em que seremos mais bem-sucedidos. Uma dica simples e fácil de seguir é: comer mais alimentos naturais e coloridos e menos alimentos industrializados. Quase como nossas sábias avós já nos aconselhavam”, finalizou a endocrinologista.

Fonte: jornalopcao