Caso Henry

Caso Henry: mãe e padrasto são acordados pela polícia

Em depoimento, professora e vereador contaram que não retornam ao apartamento que dividiam, na Barra, desde a morte do menino

Desde a madrugada do último dia 8, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva e o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), não dormem juntos no apartamento 203 no condomínio Majestic, no Cidade Jardim, na Barra da Tijuca. Com a morte de Henry Borel Medeiros, de 4 anos, filho da professora, o casal optou por voltar para as casas dos seus pais, ambas em Bangu. Na manhã desta sexta-feira, dia 26, eles foram acordados por equipes da 16ª DP (Barra da Tijuca), que cumpriam mandados de busca e apreensão nas residências.

O primeiro mandado foi cumprido, às 6h, na casa da família de Monique, onde, além dela, estavam sua mãe, também professora, seu pai, um funcionário civil da Aeronáutica, e seu irmão. No local, foram apreendidos quatro celulares. Todos estavam dormindo, esboçaram surpresa com a presença dos agentes e concordaram em fornecer as senhas para desbloqueio dos aparelhos.

A quatro minutos de distância de carro dali, foi cumprida outra busca e apreensão, na casa de dois andares onde Jairinho está vivendo com o pai, policial militar e deputado estadual Jairo de Souza Santos, o Coronel Jairo (MDB), a mãe, aposentada, e a irmã. Com eles, foram encontrados 5 celulares e um laptop. Todos também estavam dormindo quando a polícia chegou ao local. Eles também disponibilizaram as senhas.

Também foi apreendido o telefone e o computador do engenheiro Leniel Borel de Almeida, pai de Henry, em uma cobertura na Estrada do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes. As diligências foram deferidas pela juíza do II Tribunal do Júri, que também concedeu a quebra de sigilo telefônico e telemática, a interdição do imóvel do Majestic e a permanência de uma viatura da Polícia Militar 24 horas no local de modo que a Polícia Civil conclua os trabalhos de perícia no apartamento.

De acordo com o laudo de necropsia, ele sofreu hemorragia interna e laceração hepática e seu corpo apresentava lesões como equimoses, hematomas, edemas e contusões. Em depoimento, Monique contou assistir uma série na televisão com Jairinho na sala do apartamento em que o casal morava com Henry, no condomínio Majestic, no Cidade Jardim, quando, por volta de 3h30, encontrou o menino caído no chão do quarto, com mãos e pés gelados e olhos revirados. A professora disse acreditar que o filho possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama e de desequilibrado ou até tropeçado no encosto da poltrona.

Jairinho confirmou as informações prestadas por Monique aos policiais. Ele contou ter dormido após tomar três medicações que faz uso há cerca de dez anos e, ao ser acordado pela namorada, foi urinar. Com os gritos da moça, ele disse ter caminhado até o quarto. No local, o vereador diz ter colocado a mão no braço de Henry e notado que o menino estava com temperatura bem abaixo do normal e com a boca aberta, parecendo respirar mal.

Ele disse que acreditou que Henry havia bronco-aspirado, mas seu quadro evoluía mal, já que no caminho para o hospital não respondeu à respiração boca a boca nem aos estímulos feitos por Monique. Jairinho contou que, apesar de ter formação em Medicina, nunca exerceu a profissão e a última massagem cardíaca que realizou foi em um boneco, durante a graduação.

O casal levou Henry a emergência do Hospital Barra D’Or, mas de acordo com as três médicas pediátricas que o atenderam, o menino já chegou morto a unidade de saúde e com as lesões descritas no laudo de necropsia. Até o momento, a Polícia Civil já ouviu 14 testemunhas do caso, incluindo parentes, vizinhos e funcionários da família.