O engenheiro civil Flavio Micellis, 60 anos e o marido, o servidor público aposentado Eduardo Michels (62) foram espancados por vizinhos.

Juntos há mais de 20 anos, o casal nunca havia sofrido agressão física antes

Covardia e violência marcaram este triste episódio que aconteceu com o engenheiro civil Flavio Micellis, 60 anos e o marido, o servidor público aposentado Eduardo Michels (62). Os dois foram espancados por vários vizinhos que promoviam uma festa na noite do último feriado de Tiradentes (21).

O casal que esta junto há mais de 20 anos, contou que enfrentava homofobia por parte dos demais moradores do condomínio onde moram, na Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio.

Segundo Eduardo, pelo menos 20 pessoas participaram do espancamento. O marido foi derrubado no chão e atingido com chutes na cabeça e no órgão genital enquanto ele foi jogado contra a parede e teve o pescoço apertado pelos agressores.

“O que houve foi uma tentativa de homicídio. Não fomos mortos porque algumas senhoras que estavam no local impediram o pior, pedindo para eles pararem”, contou o servidor aposentado.

A relação com os demais vizinhos já era crítica pelo fato do casal não ter a orientação sexual respeitada e ficou ainda pior depois que eles passaram a reclamar do barulho das festas que eram dadas pelos vizinhos.

“Nós ouvíamos insultos homofóbicos. Diziam para a gente que naquele condomínio não é lugar de viado, para dar o cu em outro lugar”, disse Eduardo. “Me chutaram várias vezes no órgão genital dizendo: isso é pra você nunca mais poder usar”, contou Flávio. O aposentado tem certeza que os vizinhos usavam as festas para provocação”. Nossa janela dá de frente para o quintal onde eles fazem os churrascos. Eles faziam questão de colocar cadeiras embaixo da nossa janela e apoiar os cotovelos dentro da nossa casa. Toda a fumaça entrava no nosso apartamento. Nós não tínhamos direito a sossego aos finais de semana”, lembrou. “Tiramos fotos dessas festas a pedido da imobiliária e passamos a ser mais hostilizados”, completou.

 

Eduardo mostra as marcas da agressão que sofreu no condomínio onde mora

 

 

No dia da agressão físicas eles ouviram insinuações de violência contra eles antes de mais uma festa começar.

“Eu ouvia da minha casa eles dizendo: hoje a gente pega eles de pau. Hoje a gente dá um jeito neles. Nós nos sentimos intimidados e decidimos passar o dia fora. Eu já imaginava que o pior poderia acontecer, então saí de casa com o celular na mão filmando tudo. Foi quando o primeiro veio na nossa direção com xingamentos e depois outros 20 nos agrediram. Depois eles ainda nos empurraram para dentro de casa”.

 

Flávio ficou com hematomas em razão dos chutes”Não consigo urinar direito de tanta dor”

“Isso foi tudo premeditado. Quando a gente abriu a porta, eles já estavam esperando para nos bater”, relatou Eduardo.

No dia seguinte os problemas continuaram. O aposentado afirma que as chaves da portaria foram trocadas propositalmente.

“Nos tornamos reféns, ficamos em cárcere privado. Achamos que iriam nos matar”.

Ele e o marido pediram socorro por telefone ao Grupo Gay da Bahia (GGB), ONG que Eduardo é colaborador.

“O Luiz Mott entrou em contato com o Rio Sem Homofobia, que mandou uma viatura da PM para nos libertar. Saímos de lá só com a roupa do corpo e alguns documentos”.

O casal busca junto à Defensoria Pública uma medida cautelar para que possam voltar ao prédio e retirar os pertences.

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