Lauro de Freitas

Alunos denunciam seita demoníaca em escola de Lauro de Freitas e pai diz estar sofrendo perseguição religiosa; entenda

Na última sexta-feira (22/7), um  suposto ritual assustou alunos da Escola Municipal Dois de Julho, no bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. De acordo as informações dos pais a mães de alunos, a situação começou com uma estudante dentro de um banheiro. Depois, um homem, de prenome Paulete, conseguiu entrar na unidade, deu continuidade ao suposto ritual e ainda tentou mutilar as crianças.

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Na manhã desta segunda (25/7), a secretaria da escola convocou os pais dos alunos e realizou uma reunião para esclarecer os fatos. As aulas foram suspensas e devem retornar nesta terça-feira (26/7). Segundo conta a mãe de um dos alunos, alguns estudantes chegaram a passar mal durante o suposto ritual.

“Realmente, aconteceu esse ritual dentro do banheiro. Os alunos que estavam entrando, estavam desmaiando, se manifestando. Aí, avisaram ao pai de um aluno, e ele veio com o pai dele, que é pai de santo, e invadiu o colégio, [fez] ameaças e tentou mutilar as crianças, mas não aconteceu a mutilação”, explica a mulher, que não se identificou. De acordo com ela, a escola informou que, na terça-feira, os alunos terão acesso a atendimento psicológico.

Outra mãe relatou que o filho ligou para ela “desesperado” durante os acontecimentos da sexta-feira. “Eu só recebi a ligação de meu filho, desesperado, dizendo que duas alunas do colégio tinham feito um ritual dentro do banheiro, e todas as pessoas que entravam no banheiro começavam a desmaiar e a chorar desesperadamente”.

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

O pai das alunas que foram apontadas como as realizadoras do ritual que, na sexta-feira, foi para escola após receber a notícia de que as filhas estavam se sentindo mal. De acordo com ele, que é candomblecista, os colegas de escola estavam dizendo que as meninas “estavam com demônio”.

“Quando eu cheguei na escola, vários alunos estavam chorando, se jogando no chão, e minhas filhas estavam no corredor. Me disseram que elas foram para o banheiro, mas, quando eu cheguei ao banheiro, estavam lá vários funcionários orando. No corredor, tinham várias mães, vários alunos apontando as minhas filhas, dizendo que elas estavam com demônio. Disseram que entrou um rapaz comigo que ‘fez seitas religiosas’ aqui, mas, nesse momento, não vi nenhum tipo de seita”.

Além disso, após o ocorrido, o pai das crianças disse que foi proibido de ir à reunião desta segunda e que as filhas estão proibidas de voltar à escola por estarem sofrendo ameaças de morte. “Porque nós somos de Candomblé. Quer dizer que eu tenho que renegar as minhas raízes por causa de um motim de alunos? Gente, onde é que vamos parar com isso?”. Ainda de acordo com ele, foi o diretor da escola quem pediu para que as alunas não voltassem mais.

Tiveram ameaças no WhatsApp, no Instagram, de pais e mães dizendo que iriam arrancar os olhos das minhas filhas. Quero saber qual foi o crime que a gente cometeu pelo fato de a gente ser adepto a uma religião de matriz africana. O que tem de errado nisso? Aqui na escola, não teve nenhuma ritualística de Candomblé. O que teve foi alunos dizendo que estavam com espírito entre eles mesmos”. O pai das crianças ainda informou que não tem qualquer relação com Paulete.

Os alunos que passaram mal na sexta-feira foram encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento de Itinga, que fica na frente da escola. A Secretaria Municipal de Educação de Lauro de Freitas, ainda não se manifestou sobre o caso.

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