Lula

CPI do MST pode revelar relação mal resolvida entre PT de Lula e o movimento, amedontando a sociedade brasileira.

Enquanto a oposição trabalha para minar o governo na CPI do 8 de janeiro, utilizando a tese do “apagão da inteligência” e explorando o estranho papel do ex-chefe do GSI Gonçalves Dias, a CPI do MST se tornou um assunto muito sensível para Lula e o PT. Isso porque o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, um aliado histórico do partido, se envolveu em ocupações de terras durante o “abril vermelho”, lembrando o massacre de Eldorado dos Carajás, e acabou por confirmar as críticas dos bolsonaristas sobre o comportamento do movimento em uma nova gestão petista.

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Nesse contexto, o presidente Lula se encontra em uma posição delicada, tendo que evitar conflitos com parte de sua base eleitoral e ao mesmo tempo não desagradar grupos ruralistas. O ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, chegou a pedir a desocupação de áreas invadidas pelo MST e exigiu que o movimento deixasse sedes de edifícios da Incra e da Embrapa para que o governo pudesse voltar a conversar sobre a Reforma Agrária. Lula, nos bastidores, determinou a Teixeira que não negociasse com quem estivesse ocupando.

Apesar das reações públicas do governo, uma CPI pode revelar uma relação conturbada entre o Partido dos Trabalhadores e o MST. A oposição bolsonarista espera utilizar esse tema para amedrontar não só os grandes proprietários de terra, mas também a classe média brasileira que acompanha os eventos pela TV.

O MST vinha trabalhando para uma militância mais razoável, com a produção de orgânicos por pequenos agricultores, e buscando mudar sua imagem perante a sociedade. No entanto, a crítica do movimento contra o PT coloca tudo isso em xeque. Em tempos de fake news, a ideia é construir uma narrativa que gere medo na sociedade, reforçando o temor da esquerda petista e a esperança da direita bolsonarista.