Rui

A caixa preta dos convênios de Rui

Caixa preta dos convênios de Rui I
Uma apuração sobre os convênios celebrados pelo governo do Estado com prefeituras em 2022 volta a suscitar forte suspeita de abuso de poder econômico nas últimas eleições. Antes de encerrar seu último ano de mandato, o ex-governador Rui Costa (PT) colocou quase R$ 1,6 bilhão à disposição de prefeitos para agilizar obras, reformas e afins. O valor é oito vezes maior do que ele mesmo havia gasto em 2021 (R$ 189 milhões), quando não houve disputa eleitoral. As obras, ou pelo menos a promessa delas, vieram majoritariamente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) e da Secretaria de Educação, que juntas responderam por R$ 1,3 bilhão [R$ 699 milhões e R$ 623 milhões respetivamente].

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Educação em último plano
O que impressiona é que em 2021, a pasta da Educação, gerida à época por Jerônimo Rodrigues, não aplicou um centavo sequer em convênios. Os milhões aplicados aos 45 do segundo tempo escancarou o contraste de secura que a educação da Bahia viveu na última década, a ponto de figurar nas piores posições do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Caixa preta dos convênios de Rui II
Outro órgão que teve o caixa de convênios turbinado entre 2021 e 2022 foi a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), que saiu de R$ 56 milhões para R$ 155 milhões ações casadas com prefeituras e associações da agricultura familiar, vistas como a joia da coroa do voto petista nos rincões da Bahia.

Piada pronta
A declaração da secretária de Desenvolvimento Urbano da Bahia, Jusmari Oliveira (PSD), de que o governo Jerônimo iniciou estudos sobre a ponte Salvador-Itaparica caiu como uma piada no meio político. Após 10 anos da promessa de inauguração, falar em estudos é um acinte. Em tom de ironia, até governistas comentaram que tais estudos devem estar em fase de pós-doutorado, tamanha é a demora em retirar as ideias do papel.

Inimigo do Agro
Repercutiu mal entre produtores rurais e empresários do agronegócio baiano a fala do vice-governador do Estado, Geraldo Júnior (MDB), relativizando invasões de terra lideradas pelo MST em diversos municípios da Bahia. “…o MST não é uma invasão, é uma ocupação”, disse Geraldo, com clara intenção de afagar a plateia de petistas que o ouvia, sem, porém, atentar para a ilegalidade dos atos, muitos deles inclusive contidos com decisões judiciais de reintegração de posse. Em grupos de WhatsApp, o emedebista já vem sendo chamado de “o novo inimigo do agro”, justamente por desconsiderar que a insegurança jurídica causada pelas invasões tende a gerar prejuízos também na produção de alimentos e criação de animais.

Direta
A avaliação interna na base governista é que a declaração de Geraldo pró-invasões do MST não foi por acaso. O fato é que atinge em cheio produtores rurais e proprietários de terras da Bahia.

Geraldo e os 40 PMs
E por falar em Geraldo, enquanto a maioria dos municípios baianos tem no máximo dois policiais para combater a criminalidade, o vice-governador tem em seu gabinete nada menos que 40 PMs. Ou seja: Geraldo tem ao seu lado o número de policiais equivalente a 20 municípios pequenos do estado. A situação é no mínimo absurda diante dos índices alarmantes do estado, que tem o maior número de homicídios do país, e expõe também como os governos do PT têm lidado com a segurança pública. Convenhamos: esse caso é mais um daqueles que ilustra a famosa frase de Octávio Mangabeira: Pense num absurdo, na Bahia tem precedente.

Missa de corpo presente
A Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) finalmente voltará a ter sessões totalmente presenciais. Foi o que garantiu o presidente Adolfo Menezes (PSD), atendendo à solicitação do líder da bancada da oposição, deputado Alan Sanches (UB), que alegou não haver mais restrições sanitárias para que os 63 deputados compartilhem o mesmo espaço no plenário da Casa. A medida desagradou e muito o líder da base governista, Rosemberg Pinto (PT), por avistar dificuldade em garantir a missa de corpo presente dos parlamentares para aprovar matérias de interesse do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Na terça (15), por exemplo, a sessão foi encerrada porque não havia número suficiente de deputados no plenário. Da tropa de 40 governistas, só quatro deram as caras.

Zoada legislativa
E mesmo com número reduzido, a bancada da oposição na ALBA tem conseguido fazer algum barulho no Legislativo baiano. Além de ter feito a movimentação para o retorno das sessões presenciais, na semana passada, numa manobra bem articulada, conseguiu aprovar o convite ao secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, para falar na Comissão de Direitos Humanos sobre a violência na Bahia.

Quem avisa amigo é
Deputados da base governista têm alertado lideranças da gestão estadual em relação à atuação da Agerba no transporte intermunicipal. Parlamentares dizem que a agência tem feito vistas grossas para os péssimos serviços oferecidos por empresas que fazem a ligação entre cidades baianas, principalmente na região metropolitana de Salvador, além de não fiscalizar o transporte irregular. Para eles, o caso representa uma crise potencial para o governo.

Morde e assopra
O grupo de Jerônimo Rodrigues (PT) parece ainda não ter decidido se defende ou não a herança de Rui Costa (PT). Por um lado, a tropa governista tem se vangloriado da inauguração, por Jerônimo, de obras iniciadas ainda na gestão de Rui. Por outro, quando o tema vira segurança pública, aliados dizem que este é um novo governo e que os dados são do antigo, criticando indiretamente a gestão do antecessor na área.

Em busca de consenso
O grupo de oposição à prefeita Moema Gramacho (PT) tem procurado se articular para formar um bloco forte e competitivo capaz de vencer a turma da petista, que ainda não definiu quem será seu candidato na sucessão. Com uma gestão mal avaliada, Moema tem sofrido com a falta de nomes para 2024 e vê uma disputa acirrada entre aliados para ver quem será o candidato. Enquanto isso, a oposição se articula e, caso lance uma candidatura unificada do grupo, observadores da política na cidade garantem que Moema será destronada.

Fumaça preta
No Norte da Bahia, em Juazeiro, o grupo governista no estado intensificou as conversas para definir quem vai para o embate com a prefeita Suzana Ramos (PSDB). Lideranças do PCdoB já avisaram que pretendem lançar o deputado estadual Zó na disputa. Contudo, enfrentam forte resistência de caciques petistas, que insistem em um nome do partido para a corrida e argumentam que Zó tem um problema: não é da terra. Natural de Xique-Xique, o parlamentar não é tido como local pelos juazeirenses. Já no PT, há um racha: enquanto uma parte da legenda defende o nome do ex-prefeito Isaac Carvalho, outra não abre mão do também ex-prefeito Paulo Bomfim, afilhado político de Carvalho. A disputa nos bastidores está bastante acirrada e, por enquanto, não há sinal de fumaça branca.

Prévia para 2024
Enquanto isso, a prefeita Suzana Ramos surfa em ondas tranquilas. Com boa avaliação na cidade, a prefeita conseguiu importantes vitórias políticas em 2022. Na disputa pelo governo, deu ao seu candidato, ACM Neto (União Brasil), a vitória no segundo turno no município, mesmo com a ampla vantagem de Lula na cidade. E, de quebra, elegeu seu filho, Jordávio Ramos, deputado estadual com mais de 37 mil votos, mais que o dobro do que Zó, o segundo colocado (cerca de 13,9 mil).

Fogo de palha
Anunciado nesta semana pré-candidato a prefeito de Barreiras, o deputado estadual Eures Ribeiro (PSD) teve no município uma votação, em 2022, que não o elegeria nem para vereador. Ex-prefeito de Bom Jesus da Lapa, Eures teve em Barreiras 473 votos para deputado e ficou atrás de outros 15 nomes, alguns inclusive que não venceram o pleito. Em 2020, o vereador eleito na cidade com menor votação teve 577 sufrágios. Embora pretenda entrar na disputa, Eures não tem apoios fortes na cidade. Para colegas parlamentares, tudo não passa de “jogada de marketing”.

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