O deputado federal Tiririca (PR-SP), nome artístico de Francisco Everardo Oliveira Silva, é acusado de assédio sexual por uma ex-funcionária.
A denúncia foi feita pela empregada doméstica em um processo trabalhista e reafirmada por ela à Polícia Civil do Distrito Federal depois que a esposa de Tiririca registrou uma ocorrência de extorsão contra a mulher.
Segundo Maria Lúcia Gonçalves Freitas de Lima, Tiririca teria praticado o assédio pelo menos duas vezes. A primeira delas foi durante uma viagem com o casal e a filha deles para São Paulo, em maio do ano passado, onde Tiririca participaria de uma entrevista no Programa do Jô.
Eles teriam ficado no apartamento do deputado e, no dia seguinte, ao voltar da gravação “exalando odor etílico”, Tiririca começou o assédio. “Francisco segurou a declarante pelo braço, jogou-a no sofá da sala e, segurando-a por trás e pela cintura, disse: ‘Vou comer seu c*, vou comer sua b*ceta'”, diz o trecho da petição enviada ao Supremo Tribunal Federal.
O caso foi enviado à Corte por se tratar de um parlamentar com prerrogativa de foro, de acordo com o site Metrópoles. A petição foi distribuída na última quarta-feira (28) ao ministro Celso de Mello.
Maria Lúcia relatou que Tiririca desabotoou a calça e foi atrás dela “com o pênis ereto”.
Em depoimento, a ex-funcionária disse que a filha, a esposa e dois assessores do parlamentar presenciaram a cena e riram do ocorrido. “Por fim, pediu ajuda para a filha do casal e ela empurrou o pai, que veio ao chão”, continuou. Na mesma semana, Maria Lúcia foi com a família para Fortaleza, onde ficou por oito dias cuidando da filha do casal.
Eles teriam se hospedado em um sítio do deputado, onde a família fez festa todos os dias. “Sempre que a declarante passava perto de Francisco ele dizia: ‘Vou te comer’, passava a mão no cabelo da declarante e nas nádegas. Várias vezes Francisco dizia: ‘você vai gostar, meu pau tem a cabeça muito grande, se experimentar, vai gostar'”, relatou a ex-funcionária.
De acordo com o site, Maria Lúcia relatou que perdeu as provas contra Tiririca que estavam em seu celular porque durante um passeio na praia, o parlamentar pediu o celular dela emprestado. “Ao subir em uma lancha, [o deputado] caiu no mar com o celular.
A depoente acredita que ele tenha feito isso de propósito, pois no celular havia um vídeo em que Francisco falava algumas besteiras para a declarante”, conforme consta outro trecho do depoimento. Ainda em Fortaleza, Maria Lúcia disse que foi procurado pela esposa de Tiririca, Naná de Silva Magalhães, que teria dito que o deputado federal fazia aquilo “porque gostava dela”.
A ex-funcionária teria respondido que não era “p*ta nem piranha”. Assim que a família voltou pra Brasília, a empregada foi demitida. Segundo ela, a esposa de Tiririca a acusou de extorsão depois de saber da citação trabalhista feita em março. Naná disse que a tentativa de extorsão teria ocorrido em junho de 2016 na casa onde o deputado mora, um mês depois da data em que Maria Lúcia disse ter sido assediada. Ela teria pedido R$ 100 mil quando foi dispensada pela família, “caso contrário prejudicaria o casal”.
Segundo Naná, todas as verbas trabalhistas foram devidamente quitada quando a doméstica parou de trabalhar na residência do casal. Maria Lúcia confirmou que a existência do processo contra ela, mas não se manifestou a respeito das acusações.
A defesa do deputado federal e de sua esposa nega todas as acusações e que Maria Lúcia tenta utilizar o estereótipo do “personagem Tiririca” para atribuir ao parlamentar os mesmos comportamentos na vida pessoal. “Ao contrário, é uma pessoa centrada, pai dedicado, homem conhecedor da sua importância política e que representa o país, talvez, melhor que muitos médicos, advogados e promotores de Justiça eleitos”, defende Fernando Albuquerque.