Algumas mulheres cristãs estão levantando a bandeira do feminismo, porém refutam as mensagens bíblicas que falam sobre a submissão da mulher ao homem.

Algumas mulheres cristãs estão levantando a bandeira do feminismo, porém refutam as mensagens bíblicas que falam sobre a submissão da mulher ao homem.

Em entrevista ao site Metrópoles, a teóloga Romi Márcia Bencke, afirmou que trechos como o de Efésios 5:22 – 24 que fala sobre a relação de marido e esposa foram manipulados. “Assim como hoje, nos tempos bíblicos também se justificava a submissão das mulheres com o argumento de que era ordem de Deus. Não é. Todas as interpretações que colocam as mulheres nesse papel são tendenciosas e manipuladas”, declarou ela que também é pastora e mestre em ciências da religião.

Já a teóloga Valéria Vilhena vai além e tenta argumentar que os tempos da Bíblia eram outros e que o Livro Sagrado não deve ser entendido como a voz de Deus. “A Bíblia não deve ser entendida como a voz de Deus, mas sim como a memória de um povo”.

Desconstruir os ensinamentos bíblicos é uma das formas de apoiar a pauta política do feminismo que inclui a defesa do aborto, tanto que as mulheres que se identificam como cristãs e feministas defendem a descriminalização da prática.

“A igreja não precisa ser a favor da descriminalização, mas precisa se posicionar diante disso no sentido de justiça e entender que muitas mulheres, dentro de uma comunidade de fé, abortam”, declara Camila Galetti, socióloga e filha de pastor.

Ainda sobre o aborto, Valéria comenta que a igreja não deve interferir na sociedade e cita a laicidade do estado para impedir que religiosos decidam sobre liberar ou não a interrupção da gravidez.

“Crença é para ser vivida e não para ser imposta. As mulheres não estão sendo ouvidas, os dados não estão sendo expostos. Não se olha pelo viés da saúde pública, mas pelo viés religioso. Políticas públicas não podem responder a partir de um sistema de crença. Devem responder de acordo com as demandas da sociedade.”

Se para as feministas a Bíblia é um livro machista e que impõem regras que ferem as mulheres, para as feministas cristãs há trechos que defendem a igualdade entre os sexos.

“Diferenças biológicas não podem justificar injustiças, violências e desigualdades de oportunidades. Tampouco a Bíblia pode ser base para isso. O feminismo é forma de luta política e a Bíblia tem muitos textos que pautam por essas lutas, pelos mais pobres, pelos injustiçados”, afirmou Valéria Vilhena.

Romi cita trechos bíblicos que mostram que Jesus tratava as mulheres de igual para igual. “São muitos os textos do Evangelho em que Jesus se dirige às mulheres de igual para igual. Muitas exerciam protagonismo no movimento de Jesus, como Maria Madalena. O feminismo problematiza as relações desiguais de poder e nos evangelhos existem muitos textos que criticam essas relações também”, completa.

Ela lembra também que Jesus tinha uma postura de tratar as mulheres com igualdade e não se opunha à participação feminina em seu movimento. “Basta ver a história da crucificação. As únicas que correm o risco de ficar junto à cruz são as mulheres. Também são elas as primeiras testemunhas da ressurreição”.

Com informações JM Notícia
Imagem: reprodução web

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