A queda nas vendas e consequentemente o fechamento de lojas no Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, preocupam empresários e lojistas. Nos últimos anos, quando o espaço ainda era administrado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), trabalhadores não conseguiram conciliar os custos de manutenção com a receita em declínio, e encerraram as atividades. Segundo o Sindicato dos Comerciários, inicialmente, o aeroshopping tinha 62 lojas, mas atualmente tem pelo menos 20 lojas funcionando.

Em entrevista o vice-presidente do sindicato, Alfredo Santiago, afirmou que a situação se agrava na gestão do novo administrador do espaço, o grupo francês Vinci, que arrematou por R$ 1,59 bilhão o aeroporto e vai gerenciá-lo por 30 anos. Ele explica que a concessionária aumentou o valor dos aluguéis, tornando o negócio inviável, pois chega a 20% do faturamento das empresas.

“Muitas já fecharam. Quando a Vinci ganhou a concessão e começou a recolher todas as lojas. Algumas fecharam no dia 31 de março. Segundo denúncia dos próprios empresários, as que têm contrato para vencer, a Vinci está procurando justificativa para tomar as franquias. O que a acontece com os trabalhadores? Estão sendo demitidos, homologações estão sendo feitas, mas nossa preocupação não é só com verbas indenizatórias. Tem gente que trabalha há 20 anos lá, para voltar para o mercado de trabalho certamente vai ter muita dificuldade”, analisa.

Ainda durante entrevista, o sindicalista detalha que apesar do momento de crise, a capital baiana recebeu muitos turistas que movimentaram o comércio. “Mesmo com toda crise, Salvador ainda continuou com fluxo razoável de turistas, que movimentaram o comércio no local. Tinha uma loja com artesanatos de Ilhéus, produtos de Nazaré das Farinhas, é uma cadeia que será quebrada com o fechamento dessas lojas. Muitos negócios de família irão à falência”, lamenta.

Procurada pela reportagem, a assessoria da concessionária informou que enviaria uma nota, mas até o fechamento da matéria não foi enviada.

Em setembro do ano passado, o presidente do Conselho da Vinci Airports Brasil, José Luís Menghini, apresentou os projetos do grupo francês para o aeroporto em um evento no Sheraton da Bahia Hotel.

Na oportunidade, a empresa francesa não divulgou o que aconteceria com os trabalhadores terceirizados, nem com os concursados da Infraero que atuam hoje no aeroporto. Também não detalhou se as lojas que funcionam no local atualmente vão continuar funcionando durante a gestão da nova empresa, e nem como irá funcionar o vínculo comercial das lojas com a concessionária. Também não foi divulgado se o estacionamento será administrado pela Vinci ou mantido com a atual empresa e nem quantas novas vagas devem ser ofertadas – atualmente são 2.274 vagas.

No mês passado, a concessionária divulgou que em abril dará início às obras de expansão e modernização do terminal. Chamado de fase 1B, o anteprojeto foi aprovado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Agora, resta apenas a liberação por parte da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) para que comecem os trabalhos, com conclusão prevista para outubro de 2019.

As intervenções da Fase 1B, que constam no contrato de concessão, preveem expansão do terminal de passageiros, modernização dos banheiros e fraldários, melhorias no ar condicionado e nos sistemas de ventilação, implantação de seis pontes de embarque de aeronaves adicionais e adequações nas pistas e pátio para a segurança operacional do Aeroporto. Não foi informada a data do início das obras e detalhes do projeto.

 

 

Fonte: Bnews