Dossiê indica plano do PCC para dominar o Estado

Na semana em que o Primeiro Comando da Capital (PCC) completa 25 anos espalhando terror pelo País, A Tribuna teve acesso a um dossiê e a detalhes de investigações que acontecem no Espírito Santo e em São Paulo que trazem novas evidências do plano da facção para ampliar território e dominar a criminalidade em todo o Estado.

Dossiê indica plano do PCC para dominar o Estado

O comando do PCC conseguiu concluir etapas de um ambicioso projeto de expandir seu domínio através das cadeias com a criação de chamadas “sintonias” vinculadas à estrutura paulista, ou seja, filiais da criminalidade. É o que indica a edição especial de um relatório recém-concluído pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública com apoio de duas fundações dos EUA.No documento, de 143 páginas, o mapa de domínio das facções no País aponta a facção capixaba batizada de Primeiro Comando de Vitória (PCV) atuando ao lado do PCC.

Para manter o domínio, as facções convertem presos com novos batizados, fazem “censos” em presídios, dão ordens por telefone, contam com apoio armado de uma gangue e fortalecem o caixa traficando drogas com o PCV.

Fontes do Ministério Público e do sistema de Segurança Pública revelaram que, além do PCV, a facção paulista tem como aliada a gangue Trem Bala – braço armado que favorece extermínio de rivais para ampliar o comando e territórios, aumentando a venda de drogas.

Atualmente, essas facções, juntas, já impõem as próprias leis em pelo menos 40 bairros da Grande Vitória, a exemplo do Complexo da Penha, na capital, palco de confrontos. Ainda assim, o PCC quer mais.

Os membros das facções contam com armas pesadas, como fuzis 556, metralhadoras, pistolas ponto 40, 380, 765 e 9 milímetros, escopeta calibre 12, granadas e dinamites.

A distribuição de armas, segundo fontes ouvidas, inclusive policiais, é feita na troca de turno da PM. Para isso, as facções contariam com informantes dentro corporação.

Dossiê indica plano do PCC para dominar o Estado

Segundo o relatório, no Estado, o PCC não encontrou resistências no poder paralelo (outras facções).

Pesquisadores do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, Camila Nunes e Bruno Paes alertam que “a chegada do grupo em outros estados produziu enorme instabilidade dentro e fora dos presídios, com alianças e rivalidades violentas, refletindo no aumento das taxas de homicídios”.

Saiba mais sobre o PCC

Maior facção
Considerada a maior organização criminosa do País, o PCC foi criado em 31 de agosto de 1993 no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté, conhecido como Piranhão, em São Paulo.

Time de futebol
Originalmente, este grupo foi formado por oito presos integrantes de um time de futebol que tinham a “missão” de vingar o episódio do massacre do Carandiru que culminou com 111 assassinados, em 1992.

Membros da facção

Integrantes

Levantamentos do Ministério Público e da Polícia Civil de São Paulo revelam que o PCC tem cerca de 30 mil membros filiados no País, sendo aproximadamente 22 mil em outros estados, incluindo o Espírito Santo.

Aliados de facções capixabas
Fontes do Ministério Público e do Sistema de Segurança Pública do Estado ouvidas por A Tribuna apontam que há duas facções capixabas: Primeiro Comando de Vitória (PCV) e Trem Bala, que seriam controladas pelo PCC.
É Tanto que os morros da Grande Vitória estariam, segundo essas fontes, dominados por integrantes do Trem Bala, que é o braço armado do PCC.

Dossiê
Um relatório feito pelo Fórum de Segurança Pública faz um novo mapeamento dos estados que já contam com integrantes do PCC infiltrados, incluindo o Espírito Santo.
Há no mesmo documento a indicação de um plano de expansão da facção para o País.

Expansões via presídios
Um projeto de expansão do PCC seria através da rede carcerária com a criação do que eles chamam de “sintonias” vinculadas organicamente à estrutura paulista, ou seja, uma espécie de filiais da criminalidade, tornando-se um agente regulador do crime.
Há também indicativos de migração de foragidos e vinculados ao PCC – o que fortalece o “novo exército do crime”.

Extermínio de rivais
Com os aliados do Primeiro Comando de Vitória e do Trem Bala, o PCC estaria tentando dominar todo o Estado, com extermínio dos seus rivais. Na Grande Vitória, pelo menos 40 bairros já seriam dominados por essas facções, entre as quais os do Complexo da Penha, em Vitória.

A função no crime
Trem Bala é o braço armado, firmado por criminosos mais violentos que expandem o território enquanto o PCV faria a aquisição e distribuição da droga. O PCC, segundo fontes, assumiu o controle do tráfico de drogas no Estado, através do PCV e Trem Bala desde 2013.

Fonte: tribunaonline