Viaturas fazem segurança de cemitério no enterro de líder do Comando da Paz

Viaturas fazem segurança de cemitério no enterro de líder do Comando da Paz

A Polícia Militar afirmou que guarnições estavam no entorno do Campo Santo “de forma preventiva”

Ao menos sete viaturas da Polícia Militar fizeram o reforço da segurança no entorno do Cemitério do Campo Santo, ontem, durante o enterro de Marcelo Henrique Menezes dos Santos, o Elias Pinto, uma das lideranças da facção Comando da Paz (CP), que atua no Complexo do Nordeste de Amaralina, e de Dimas Santos do Nascimento, também membro do grupo, segundo a polícia.

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Os dois foram mortos, anteontem, durante uma operação conjunta entre as polícias Federal, Civil e Militar e a Superintendência de Inteligência (SI). Elias Pinto estava na lista dos criminosos mais procurados do estado – no Baralho do Crime da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), ele era o ‘Ás de Ouro’, investigado por  tráfico de drogas e roubos.

A movimentação intensa de policiais no cemitério surpreendeu até mesmo quem trabalha todos os dias no local, na Federação. “O movimento foi tenso. Tem dias que até um, dois policiais entram no cemitério, mas hoje foram vários, que ficaram rodando e fazendo o policiamento”, observou um dos funcionários, que não quis se identificar.

Ônibus fretados

Familiares e amigos que foram ao enterro de Elias Pinto e de Dimas Santos lotaram ao menos dois ônibus fretados para a ocasião. “Foi ele (Elias Pinto) e o primo, né? O corpo saiu às 16h para enterrar. Ficou movimentado”, relatou o funcionário.

O trânsito ficou engarrafado, por volta das 16h de ontem, por conta do enterro de Elias Pinto no Cemitério do Campo Santo. Quem vinha da Graça encontrou o trânsito parado desde a Avenida Euclides da Cunha, na altura da Barão de Loreto. Quem vinha do Rio Vermelho pegou engarrafamento desde a Cardeal da Silva, na altura do acesso ao Parque São Brás.

De acordo com a polícia, Elias Pinto era o representante da facção carioca Comando Vermelho (CV) na Bahia e mentor da ação que resultou na morte do cabo Gustavo Gonzaga da Silva no final de linha do bairro da Santa Cruz, em junho de 2018, um crime que chocou a população por sua brutalidade.

Durante a ação, o PM foi torturado e teve o corpo mutilado antes de ser morto. Gonzaga ainda recebeu vários tiros na cabeça e seu coração foi encontrado a mais de 1 km de onde seu corpo estava. Elias foi localizado em uma mansão em Camaçari após retornar do Rio de Janeiro (veja ao lado).

Em nota, a Polícia Militar afirmou que guarnições estavam no Campo Santo “de forma preventiva”. “Sobretudo pelo fato de que os mortos eram traficantes e possuíam um histórico de vários homicídios no bairro do Nordeste de Amaralina”, disse a nota.

Reforço

O policiamento ostensivo não se limitou à Federação. O Complexo do Nordeste de Amaralina região formada pelos bairros de Nordeste de Amaralina, Santa Cruz, Chapada do Rio Vermelho e Vale das Pedrinhas, está com reforço no policiamento desde anteontem e continuará “por tempo ilimitado”, de acordo com a Polícia Militar.

Pessoas que trabalham na região relataram ao CORREIO temer que o Comando da Paz (CP), que atua no Complexo, reaja ao assassinato dos dois homens e coloque fogo em ônibus, por exemplo.

Anteontem já havia viaturas estáticas no final de linha de Santa Cruz para impedir ataques aos veículos, como o que ocorreu em abril do ano passado quando um integrante da facção CP foi morto e dois ônibus foram incendiados.

Elias e Dimas foram mortos em uma casa luxuosa de dois andares em Jauá, distrito de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Eles estavam se preparando para fazer um churrasco para o fim de semana quando a polícia entrou no terreno, o que culminou na morte dos dois.

 Fotos

O CORREIO teve acesso às fotos que circulam em um grupo de WhatsApp, do qual policiais civis fazem parte. São imagens da casa após a chegada da polícia. A pedido, o jornal não publicou as fotos, mas, nelas, é possível ver muito sangue em um dos quartos (supostamente onde Elias dormia) e em um corredor. Outras imagens mostram a mansão toda revirada. São móveis derrubados, roupas espalhadas e objetos jogados no chão. Em mais uma foto, dá para ver buracos no teto de gesso. “As equipes procuravam por armas e drogas”, disse a fonte ouvida pela reportagem e que não quis se identificar.

As investigações da Superintendência de Inteligência (SI) apontam como sucessor de Elias Pinto o traficante Ronei Faustino, conhecido como Pai, Pai Pequeno ou Queno. Ronei é procurado por tráfico de drogas e homicídio.

Fonte: Correio