como é feito o exame médico em vítimas de estupro

Veja como é feito o exame médico em vítimas de estupro

Embora as definições legais e médicas sejam variáveis, o estupro normalmente é definido como a penetração oral, anal ou vaginal que envolve ameaças ou força contra a vontade da pessoa. Tal penetração, seja ela desejada ou não, é considerada estupro se a vítima for menor de idade. E como é feito o exame médico em vítimas de estupro?

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A agressão sexual é o estupro ou qualquer outro contato sexual resultante da coerção, incluindo quando uma criança é seduzida pela oferta de afeto ou suborno; inclui ser tocada, agarrada, beijada ou mostrar os genitais.

O estupro e a agressão sexual, incluindo a agressão sexual na infância, são comuns; a prevalência estimada durante a vida para ambos os casos varia de 2 a 30%, mas tende a ser de cerca de 15 a 20%. Contudo, a prevalência real pode ser mais elevada, pois estupros e agressões sexuais tendem a ser subnotificados

Normalmente, o estupro é uma expressão de agressão, raiva ou necessidade de poder; psicologicamente, é mais violento que sexual. Lesões genitais ou não genitais ocorrem em cerca de 50% dos estupros de mulheres.

As mulheres são estupradas e agredidas sexualmente com mais frequência que os homens. O estupro de homens muitas vezes é cometido por outro homem e ocorre em prisões. Os homens estuprados têm mais possibilidade de ser feridos fisicamente e de se recusar a relatar o crime, sendo mais comum o envolvimento de múltiplos agressores.

Ainda, são feitos exames e a vítima passa pelo serviço social. Ali, são verificadas as circunstâncias do abuso: será avaliado se é necessário chamar o conselho tutelar para o caso de abuso infantil, por exemplo, ou se a vítima tem condições de voltar para a casa.

Por fim, recebe-se encaminhamento para acompanhamento por psicólogo no sistema público por seis meses. O atendimento psicoterapêutico geralmente não é feito na hora mas, em princípio, todos os profissionais devem estar preparados para lidar com o caso com a sensibilidade necessária.

Muitas vezes, as pessoas chegam sem saber o que vai acontecer. Só a explicação de que ela vai ter todos os cuidados necessários já diminuem a angústia e a ansiedade”, informa Daniela Pedroso, psicóloga que atende vítimas de estupro no Hospital Pérola Byington, referência em violência sexual em São Paulo.

O primeiro atendimento é importantíssimo e vai definir se a pessoa vai se sentir à vontade para buscar ajuda, diz Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Mesmo para os casos em que não há estupro “consumado”, com conjunção carnal e penetração, o serviço público está habilitado a lidar com todos os tipos de abuso, informa Daniela, inclusive com atendimento psicoterapêutico oferecido a quem viveu situações similares à que ocorreu no transporte público de São Paulo.

Lembrei de duas situações parecidas que estou atendendo, algumas ligadas ao ambiente de trabalho, diz Pedroso. “Mesmo com um sofrimento similar, são poucas as pessoas que buscam ajuda nesses casos.”

Há várias maneiras de se conseguir o atendimento médico: o encaminhamento pode ser feito na própria delegacia ou por outro serviço público. Também é possível chegar em qualquer unidade de saúde e informar sobre o abuso — sem a necessidade de boletim de ocorrência, embora ele seja recomendável. A unidade de saúde irá colocar um protocolo de atendimento em prática ou vai encaminhar a vítima para um centro de referência, informa Daniela Pedroso.

Poderão ser feitos exames de sangue e vaginais para detecção de DSTs e outros testes para subsidiar a investigação, como a procura por vestígios de esperma na vagina, boca, vulva, ânus e outras regiões envolvidas na violência. Medicamentos serão administrados em um prazo de 72 horas (profilaxia pós-exposição para HIV e hepatites virais, além da contracepção de emergência).

Também, a depender do serviço (se for de referência ou não), o profissional de saúde poderá colher a história clínica detalhada, com todos os detalhes da violência sofrida e formas de constrangimento empregadas. Não há prazo para buscar ajuda no atendimento médico.

Qualquer hora é hora de buscar ajuda. Às vezes, recebemos pacientes com abuso de anos no pronto-atendimento e o protocolo e escuta será com a mesma atenção e cuidado, relata Ivete Boulos, coordenadora do Núcleo de Assistência à Vítima de Violência Sexual do Hospital das Clínicas de SP.