Prefeita de Lauro de Freitas

Prefeita de Lauro de Freitas prefere criar adversários

A cidade de Lauro de Freitas vive dias de alta temperatura política. A disputa eleitoral foi antecipada com a divulgação de nomes que pleiteiam a cadeira da atual prefeita Moema Gramacho (PT). A administração municipal tem sido um desastre na opinião de oposicionistas e a cidade tem sido alvo de matérias jornalísticas nas principais emissoras de tevê.
Ruas esburacadas, alagamentos por conta das chuvas, denúncias de favorecimentos com cargos para aliados e agora o novo round traz a prefeita Moema trocando farpas nas redes sociais com a deputada estadual Mirela Macedo (PSD). Diante das duras críticas que a parlamentar fez na sua direção, a prefeita petista resolveu utilizar da estrutura pública para enviar notas aos veículos de comunicação em rebate. De forma direta, Mirela acusou Moema de traição e ter omitido uma agenda com o governador Rui Costa (PT) na cidade. Como sua vice-prefeita tem o nome dentre aqueles especulados, a reação da prefeita foi imediata em isolar a deputada do PSD de Otto Alencar, homem forte na coalização de Rui.
Em um texto carregado de emoção e pessoalidade, Moema ignora qualquer indício de sororidade. Além disso, a petista crava a barganha com cargos na sua gestão citando o PSD. No “textão” enviado à imprensa pela sua assessoria institucional, Moema fala que a carreira política de Mirela fora produzida pelo seu então marido no ano de 2012. Demonstrando o mesmo tom de desprezo por possíveis adversários, a prefeita chama o empresário Teobaldo Costa de “O Comerciante”. Ameaçando os servidores que foram indicados pelo PSD para a sua gestão, a gestora declarou: “Em breve convidarei os servidores da Prefeitura, que façam parte do PSD, pra conversarmos.”, afirma na nota.
Chamando a deputada de “A Esposa do Comerciante”, Moema Gramacho abre uma temporada de encobrimento das mazelas de sua gestão. Utilizando do mesmo expediente do presidente Jair Bolsonaro (PSL), a petista cria uma guerra midiática com sua ex-vice e integrante do PSD para tirar da pauta, a situação calamitosa da educação e da infra estrutura em Lauro de Freitas.
Os contribuintes reclamam nas redes sociais e na imprensa, mas a administração prefere a nuvem da intriga e da fofoca para desviar a incompetência gerencial iniciada com o fatiamento da máquina pública para partidos aliados da prefeita. Menosprezando a capacidade compreensiva dos cidadãos e de jornalistas, Moema tem preferido valer-se de uma queda de braços com a sociedade e manter sua lealdade aos seus conceitos ultrapassados de fazer política e conduzir o município. Como se tivesse acuada prefere criar adversários e/ou inimigos para poder ocupar o tempo que não tem dispensado à cidade.
O erro estratégico que a prefeita comete ao fazer uma nota pública carregada de sentimentalidades aponta o perfil pessoal aguerrido, mas deixa transparecer a figura política acuada e amedrontada com o processo eleitoral que se avizinha. O texto produzido não carece de publicação, pois não tem a configuração de interesse público, muito menos de incrementar o debate político, visto que a própria prefeita utiliza de expressões descabidas no momento político e social. A sororidade tão exigida nos eventos voltados às mulheres passa a não ter sentido para a senhora Moema Gramacho quando outra mulher desagrada seus interesses pessoais.
A participação do Partido dos Trabalhadores da cidade pode ser um bálsamo no comportamento da prefeita Moema Gramacho. Retornar ao ninho e à sua tendência para garantir o apoio à sua gestão é algo que poderia ser apreciado pela petista. Diferente disso ela prefere lotear os cargos na intenção de ter aliados sob rédeas fazendo essa opção no mundo político bastante volátil. A administração João Henrique nos idos de 2005 é um case importante que aponta que a lógica de repartir o bolo não quer dizer alimentar as crias.
Ter aliados na atividade política não é sinônimo de subservientes.
Esse conceito simples parece não ter sido entendido pela prefeita Moema Gramacho que prefere a suavidade dos afagos de seus correligionários, assessores e “agregados”. Sente-se mais tranquila tendo indivíduos que maldiziam até mesmo sua vida pessoal e que agora lhe tratam com honras reais. Submeter-se a esses caprichos é perigoso e muito prejudicial para a cidade que fez suas escolhas nas urnas. Ainda dá tempo da prefeita refletir suas últimas atitudes e de maneira honesta conduzir os destinos do município sem arrogância, presunção, vaidades, medos, pois a dignidade de encerrar o seu mandato pode ser o que lhe restará ao final dele, se assim for o desejo da população sofrida de Lauro de Freitas.