Notre-Dame ganha mais doações do que para a tragédia de Moçambique
Ninguém ficou indiferente a duas tragédias em pouco mais de um mês, mas os valores imediatos para ajuda financeira são, na realidade, muito diferentes. Notre-Dame
O ciclone Idai deixou prejuízos no total de quase dois mil milhões de euros em Moçambique, Malaui, Zimbabué e Madagáscar. Só em Moçambique, foram mais de 600 as vítimas mortais, o número de casas devastadas foi superior a 60 mil, e mais de 1,5 milhões de pessoas afetadas. Poucos dias após a tragédia começaram a chegar as primeiras doações de todo o mundo. Em seis dias, quando foi feito o primeiro balanço, a 20 de março, as ajudas financeiras totalizavam 57 milhões de euros para os quatro países, sendo que Moçambique recebeu a maior fatia do montante.
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Valores que contrastam com os oferecidos para a reconstrução da Catedral de Notre-Dame, em Paris que, na última segunda-feira foi atingida por um incêndio. Ainda não há valores exatos do prejuízo total, mas a verdade é que em dois dias as doações ultrapassam já os… 900 milhões de euros, um valor mais de 16 vezes superior ao angariado pelo ciclone Idai.
As diferenças não se ficam só pelos valores angariados para ultrapassar cada uma das tragédias. Se no caso de Moçambique só ao quarto dia o mundo começou a perceber a tragédia humana e material provocada pelo “maior desastre ambiental do hemisfério sul”, segundo a ONU, no caso da Catedral francesa, meia-hora depois de o fogo ter começado, o incêndio passava já em direto nas televisões de todo o mundo.
No primeiro balanço dos donativos internacionais à catástrofe provocada pelo Idai, de entre os 57 milhões de euros totais, destacava-se a ajuda do Reino Unido (21 milhões de euros), das Nações Unidas (17,5, montante entretanto já revisto para aos 265) e do Banco Mundial (9 milhões) e da União Europeia (3,65 milhões, depois reforçado com mais 7 milhões).
No que diz respeito ao ciclone Idai, inicialmente foi o Reino Unido que ofereceu mais ajuda financeira, no valor de 21 milhões de euros.
No caso da Notre-Dame, milionários franceses, autarquias, União Europeia e até uma cidade húngara responderam ao apelo do presidente Emmanuel Macron e em três dias os donativos públicos ascendem já quase a 700 milhões de euros, com os montantes mais elevados a virem das grandes fortunas francesas.