masturbando

Mulher pega marido no flagrante se masturbando

Luciana estava com dificuldade para focar no trabalho, porque a cachorrinha bebê que adotara com o marido não parava de chorar. Desceu do espaço de home office incomodada e percebeu que ela estava no quintal, e o marido não estava por perto. Foi procurá-lo no escritório dele, chamou da porta. Ele respondeu, derrubando coisas, desligando o computador com pressa, meio esbaforido. Claro que a pulga atrás da orelha picou e ela indagou. Enfim… Ele estava assistindo a um filme pornô e se masturbando.

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Ela me conta do mal-estar de descobrir o que ela já sabia que acontecia, mas o que os olhos não veem o coração não sente, não é mesmo? Talvez em outras épocas ela fizesse uma brincadeira provocativa, perguntasse por que ele não a chamou para assistirem juntos, afinal ela não faz o estilo cheia de pudores. Sabe bem que o autoerotismo faz parte do comportamento sexual de todas as pessoas, ao longo da vida e a priori não significa mais nada do que isso: ter prazer sozinho(a). O problema é que faz dois meses que eles não fazem sexo e aquilo soou como uma compensação pela falta, que ela assumiu exclusivamente como sua.

Luciana está fazendo um tratamento para depressão, doença mental que por si só já derruba a libido de qualquer pessoa. E, muito embora alguns antidepressivos possam inibir o desejo sexual, normalmente os efeitos positivos da melhora no humor e da motivação ajudam no resgate da sexualidade. A questão é que recentemente ela mudou de trabalho, anda bem feliz com os novos desafios e, ao que parece, investiu toda libido nisso. Não se lembra a última vez em que se masturbou, acha que está fora do peso e alterna entre não estar nem aí e ter vergonha de ficar nua perto do marido. Como não pensa em sexo, esquece de fazer também.

Mas eu alerto que é assim mesmo, ninguém sai de uma depressão conseguindo segurar todos os pratinhos da vida, como os malabaristas de circo. Um emprego novo requer muita energia, algo difícil para quem estava sem nenhuma. Olhar para o corpo talvez demore um pouquinho mais.

Continuava em choque. Me diz que preferia nunca ver e continuar na dúvida “se ele vê, quando vê, o que faz”. Num misto de vergonha e culpa, acrescentou a raiva e a inveja, já que teve de interromper seu trabalho para resolver um problema que era da responsabilidade dele e pegou o moço se divertindo sozinho.

Ela me disse:

A sensação maior de todas, essa que o patriarcado deixa como ferida na alma das mulheres, foi a de insuficiência, inadequação, rejeição – está última, a pior de todas.

Como está sem vontade nenhuma de transar, nem com ele, nem com ninguém, e vai dormir chorando muitas vezes por causa disso, pelo corpo morto, a pele anestesiada, a vontade de distanciamento total, como entender o desejo dele? “É justo o moço resolver suas necessidades de alguma forma, mas é justo comigo, com o casamento? É justo não me convidar para participar?”

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Tento entender essa raiva do gênero masculino na cena apresentada. A cachorrinha chora, a bebê dos dois que ele ficou de cuidar. O animalzinho desamparado, que ele deixou ali do lado, enquanto curtia suas próprias coisas. Não consigo deixar de pensar que ela e a cachorrinha eram um ser só. Também nas repetidas reclamações sobre a urgência feminina versus a negligência masculina diante do sofrimento alheio.

Ou seria a maneira diferente de resolver situações emocionais difíceis, enquanto ele foca na solução que o apazigua, ela sofre por não achar saída? Pergunto se ele é mesmo negligente, ou entende que deixar chorar é também necessário de vez em quando.

Aliás, questiono se ele sabe que ela chora pela falta de tesão, se finge que não a vê, ou se ela mesma não tem revelado seu próprio sofrimento. A masturbação diante do pornô parece leviandade —se não tem você tem outra, e eu sou capaz de esquecer todo o entorno diante de uma boa bunda—, mas esse pensamento é raso neste caso, embora possa de fato reproduzir o comportamento de alguns homens. O desamparo é dela (a cachorrinha que chora), mas pode ser dele também.

Sigo acalmando e dizendo que não há como colocar a justiça para resolver essa questão. Da mesma forma que ela está inconformada por sentir falta de companheirismo no momento de dor, ele está lá, mais do que descarregando tensão sexual, tentando resolver o dilema da mulher que não demonstra vontade nenhuma de fazer sexo com ele. Talvez ela precise de tempo para se reconectar a ele, mas ele sabe também que não há como ter garantias de que isso volte a acontecer.

Sabe-se lá quantas fantasias rondam a mente desse homem, daquilo que pode não ser dito, o medo de enfrentar a frustração do casamento, o desejo de variação sexual, a saudade do tempo de namoro, o declínio da libido após os 40 anos, o próprio sentimento de inadequação, de não saber como erotizar a própria mulher. Será que ela está apaixonada por alguém? Dá para insistir com o sexo se ela o repele e sofre?

Luciana propôs abrir o casamento (morrendo por dentro) e o marido ficou inconformado, porque não é isso que precisa ou deseja. Ela pensa em programar uma viagem sozinha, tomar um ar, respirar, o que eu acho interessante, desde que isso não represente uma ameaça de vínculo: você assiste pornô, eu vou embora.

Quem vive uma relação de compromisso vai se deparar com o descompasso na realização das necessidades individuais, sejam as emocionais ou sexuais. A vida definitivamente não é justa nesse sentido, há que se compor soluções, mas que certamente não garantirão pleno gozo a nenhum dos dois.

Um minuto, por favor…

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