Mãe e madrasta

Na casa onde foi morar com a Mãe e madrasta, a criança não frequentava aulas presenciais nem virtuais e dormia em um cômodo sem cama, sobre um colchão fino

A sessão de tortura que levou uma menina de 6 anos a ser internada em estado grave em Porto Real, no Sul Fluminense, durou ao menos 48 horas. Segundo a mãe da madrasta da  criança, que também vive na casa onde ocorreu a violência, as agressões começaram às 23h da última sexta-feira e repetiram-se até o fim da noite de domingo. Só na manhã seguinte, quando encontrou a menina “muito molinha”, sem se mexer, a mulher, de 50 anos, superou o medo da própria filha e acionou o Samu.

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Pensei que ela tivesse morrido, fiquei assustada. Ela estava com o olho meio aberto, parada, não respondia nada. Aí, insisti para chamar o socorro, mas minha filha disse que me mataria se eu falasse a verdade sobre o que aconteceu — conta a mulher, que diz sofrer com a violência física constante por parte da agressora (um dos episódios chegou a ser registrado na polícia): Eu só espero que ela fique presa e pague pelo que fez.

Na 100ª DP (Porto Real), que assumiu o caso, a madrasta da criança foi presa em flagrante pelo crime de tortura. A mãe da menina, que teria não só se omitido como participado de parte das agressões, também está presa pelo crime. As duas, que confessaram a violência à polícia, passariam por uma audiência de custódia nesta terça-feira, mas, até o fim do dia, o Tribunal de Justiça do Rio não informou o que ficou decidido. Já a mãe da madrasta da menina foi autuada por omissão, mas responderá em liberdade.

O casal conheceu-se no ano passado, pela internet. Pouco depois, mãe e filha foram fazer uma visita a passeio em Porto Real, mas não voltaram mais para Duque de Caxias, onde viviam até então. No bairro pobre do Jardim das Acácias, a menina passou a morar com a mulher que viria a agredi-la, bem como com a mãe e a avó da nova madrasta, uma idosa de 85 anos, cuja aposentadoria paga todas as despesas da família. No novo lar, a criança não frequentava aulas, nem presenciais nem virtuais, e dormia em um cômodo sem cama, sobre um colchão fino direto no chão.

Ela é muito quietinha, só ficava brincando dentro do quarto. Não dá problema nenhum. No início, todo mundo se dava bem, minha filha ajudava a dar banho, cuidava, comprava lembrancinha. Depois, acabou ficando desse jeito, diz a mãe da madrasta da menina.

Aos poucos, a mulher passou a apresentar sinais de ciúme da relação entre a namorada e a filha. Não demorou para que ela se tornasse violenta, em especial quando bebia o que, conta a própria mãe, era frequente.

Na noite de sexta-feira, o estopim das agressões foi um copo de leite consumido pela criança sem a autorização das mulheres mais velhas. A mãe repreendeu com algumas chineladas e castigo, mas a madrasta julgou a punição insuficiente.

Por dois dias, a menina levou chutes, socos, teve a cabeça batida contra a parede e chegou a ser jogada de uma ribanceira de cerca de 7 metros, em um terreno atrás da casa. A mãe conseguiu segurar a filha a tempo, reação que irritou ainda mais a madrasta, que também atacou, neste momento, a companheira.

Ao longo da sessão de tortura contra a criança, a principal arma usada pela agressora foi um cabo de televisão enrolado várias vezes, com o qual ela desferia golpes em sequência na vítima. No hospital, os médicos constataram lesões neurológicas severas. Até a noite desta terça-feira, a menina seguia internada em estado grave no CTI de uma unidade particular em Resende, para onde foi transferida, com quadro considerado estável. O nome dos envolvidos está sendo preservado para não expor a identidade da vítima.

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