Jovem estuprada pelo padrasto poderá ficar 20 anos na cadeia
Uma jovem de El Salvador poderá enfrentar 20 anos de prisão depois de tentar abortar um bebé concebido na sequência de vários abusos por parte do seu padrasto.
Imelda Cortez, uma jovem de El Salvador, foi violada pelo padrasto várias vezes, até que acabou por dar à luz um bebé. Agora, enfrenta uma pena de prisão de 20 anos.
Apesar de a criança ter sobrevivido, Imelda Cortez é acusada de tentativa de homicídio. O julgamento da jovem começa esta segunda-feira com a presença de três juízes, informa o britânico The Guardian.
O caso aconteceu em abril do ano passado, quando a jovem foi transportada até ao hospital pela mãe, depois de descobrir que a filha estava com dores muito fortes e sangrando. Quando chegou ao hospital, a jovem, proveniente de uma família rural de San Miguel, foi atendida por um médico que suspeitou de tentativa de aborto.
O médico chamou a polícia, dado que El Salvador tem uma legislação muito rígida contra o aborto.
Toda esta situação, segundo o Observador, motivou uma onda de solidariedade para que Imelda fique em liberdade. Ao The Guardian, Bertha María Deleón, uma das advogadas de defesa de Cortez, afirmou que esta “é a injustiça mais extrema e escandalosa contra uma mulher que eu já vi”.
“O Estado violou repetidamente os direitos de Imelda como vítima; ela está profundamente afetada, mas negou acompanhamento psicológico”, concluiu a advogada.
Imelda Cortez teria sido violada pelo padrasto desde os 12 anos de idade. A jovem, que não sabia que estava grávida, permaneceu no hospital durante uma semana, tendo posteriormente sido levada para a prisão. No país, o aborto é ilegal em qualquer circunstância.
O padrasto visitou Cortez quando esta se encontrava hospitalizada, tendo ameaçado matar a jovem e os seus familiares caso ela o denunciasse. Esta situação foi ouvida por um paciente que teria chamado uma enfermeira que, depois, chamou a polícia.
A acusação disse que a jovem estava mentindo. Além disso, a vítima foi ainda sujeita a vários testes que comprovaram que tinha um défice cognitivo e emocional, mas Cortez rejeitou qualquer acompanhamento psicológico.
Espera-se que haja uma decisão judicial dentro de uma semana.