Segundo Roberto Krasovic, titular do 14º Distrito Policial (DP), o PM prestou depoimento na condição de testemunha nesta quarta (7) e confirmou que fazia bico de segurança para a loja de conveniência do posto em seus dias de folga.

Apesar de ser considerado uma prática comum entre policiais para ampliar a renda, o bico de segurança não é permitido pela Corporação – os policiais podem atuar apenas por intermédio de iniciativas como a Atividade Delegada, mediante regras como a limitação de horas trabalhadas e um convênio entre Estado e municípios. O dono do posto, Carlos Duque, negou anteriormente que o local tenha segurança particular.

O crime ocorreu após briga entre um grupo de foliões e funcionários do posto porque as vítimas urinaram em um depósito de lixo. Os disparos feitos pelo frentista Manoel dos Santos Silva, de 47 anos, foram registrados por câmeras de segurança. Ele teve prisão temporária (por 30 dias) decretada pela Justiça e é considerado foragido.

O PM, que não teve o nome divulgado, também aparece no vídeo. Ele está à paisana e é visto sacando a pistola da cintura e a mantendo abaixada, escondida atrás da palma da outra mão.

Ele afirmou que, no momento da confusão, ouviu a frase “pega o ferro”. No linguajar policial, “ferro” pode ser interpretado como arma. Por precaução, ele sacou a arma, mas não chegou a apontá-la nem a mostrá-la para ninguém. Passado o tumulto, ele guardou a arma novamente.

A pistola é da PM, e foi apreendida na delegacia. Ela será encaminhada para perícia. O PM foi liberado normalmente.

Até agora Krasovic ouviu 15 testemunhas, incluindo amigos das vítimas, colegas e a mulher do suspeito. Ele segue atrás da arma de fogo usada no crime e uma barra de ferro que teria sido usada para agredir os foliões.

Morreram o metalúrgico João Batista Moura da Silva, de 30 anos, e o personal trainer Bruno Gomes de Souza, de 31.

O administrador Rodrigo Beralde foi baleado, mas sobreviveu. Ele está internado no Hospital 9 de Julho e não corre risco de vida. O operador de máquinas Fernando Avelino, 28, também foi ferido. Ele alega que o frentista bateu nele com uma barra de ferro.

O G1 não conseguiu localizar o frentista, que desapareceu após o crime, para comentar o assunto. Não há informação sobre se ele constituiu advogado para defendê-lo.