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Eles passaram com o metrô várias vezes por cima do meu filhinho

Mãe de Luan, Linéia Oliveira Silva deu detalhes do dia em que o filho morreu no metrô, em São Paulo. Com a tensão, sofreu um aborto espontâneo do filho que esperava

Estávamos indo de metrô passar o fim de semana em Santos [litoral de São Paulo], mas se eu soubesse que isso aconteceria, não teríamos ido.

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Na manhã do dia 23 de dezembro, entramos no vagão do metrô, eu, meu filho mais velho Isaque e Luan, que era muito arteiro. Como estava cheio, o resto da família entrou em outro vagão… Ele desceu do meu colo quando abaixei para pegar a mochila que caiu, passou pela porta, que já tinha apitado. Quando ele passou, eu desesperei, e a porta fechou. Gritei, bati… As pessoas, que também estavam no metrô, se desesperaram. Gritaram para parar, mas não conseguiram.

Isso aconteceu na estação Santa Cruz e descemos na próxima, a Praça da Árvore [linha azul do metrô de São Paulo, a mais antiga da cidade e que não conta com portas na plataforma]. Avisamos os funcionários do metrô e pegamos novamente o vagão, agora para voltar à estação Santa Cruz para procurarmos Luan.

Meu atual marido Edmílson que teve forças para contar o que aconteceu. Depois que saiu pela porta, Luan entrou no túnel do metrô e foi atropelado várias e várias vezes. Passaram o metrô várias vezes em cima do corpinho dele.

Eu queria ele de volta, ainda não consegui me desfazer das coisinhas dele. Ainda estão em casa… Meu filho sempre chora ao lembrar de Luan e eu sempre digo que ele não gostaria que a gente estivesse triste, chorando.

O metrô demorou para dar autorização para os funcionários entrarem nos trilhos e só me davam informações descontradas.Se tivessem sido mais rápidos, ele ainda estaria vivo. Fiquei tão nervosa com tudo o que aconteceu que perdi o bebê que esperava. Eu não sabia que estava grávida e acabei sofrendo um aborto espontâneo.

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Depois de tudo o que aconteceu, tive que ser hospitalizada. Algumas pessoas me acusavam pela morte do meu filho, inclusive meu ex-marido.

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Agora, que consegui o vídeo do metrô [o advogado Ariel Castro Alves conseguiu, na segunda (11), o material que mostra o momento exato que Luan saiu do metrô e, minutos depóis, ele nos trilhos do trem], mostro para eles e para quem me acusa: eu não matei meu filho. Só quero justiça”.