Bahia

Clima no PT é de perplexidade e revolta

O clima entre lideranças políticas e militantes do Partido dos Trabalhadores é de “perplexidade” e “revolta” com o movimento atribuído ao governador Rui Costa do PT para pavimentar a indicação do seu nome para disputar o Senado Federal nas eleições deste ano e forçar a retirada do nome do senador Jaques Wagner como pré-candidato ao governo do estado. Com o arranjo, previsto para ser anunciado nos próximos dias, o senador Otto Alencar (PSD) assume a cabeça de chapa e passa a ser o candidato a governador do grupo que governa a Bahia desde 2007. A vaga de vice deve ficar com o PP do vice-governador João Leão. Entre os nomes do Progressista para ocupar o posto estão no páreo o do ex-deputado Roberto Muniz e do deputado Ronaldo Carleto. João Leão assume, definitivamente, o governo estadual em abril por 8 meses.

Entre petistas, a avaliação é de que Rui Costa comete o mesmo erro estratégico quando alçou, em 2020, Major Denice como candidata do PT a prefeitura de Salvador. A neopetista, depois da eleição, voltou para o ostracismo político. Na época, o movimento do governador neutralizou os nomes de petistas puro-sangue, como Nelson Pelegrino, Robinson Almeida e Vilma Reis. “Enfraqueceu o partido, desprezou Jaques Wagner e fortalece nossos adversários ao pensar, egoísticamente, apenas em seu projeto pessoal de poder”, bradou uma fonte petista.

A reportagem apurou que o clima envolvendo a militância do PT e as bancadas do partido na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa é de desânimo, “revolta e perplexidade”. Petistas defendiam que Rui permanecesse como governador até o final do seu mandato e que ele, com a gestão bem avaliada, ao lado do ex-presidente Lula, candidato ao Palácio do Planalto, seriam os grandes trunfos e importantes cabos eleitorais para garantir a vitória do grupo em outubro. Recordam que Jaques Wagner, em 2014, quando elegeu Rui governador, foi para o sacrifício em favor da unidade do grupo. Na época, Otto Alencar, bem quisto por 7 de 10 petistas (“é fiel e de palavra”), se elegeu senador da República.

Nos bastidores, comenta-se que Rui não teria planejado a sua sucessão, não externou, com antecedência, seu desejo de ser candidato ao senado e que teria neutralizado o senador Jaques Wagner, sem convidá-lo para ter mais protagonismo no governo estadual, organizando o processo sucessório junto às forças políticas que fazem parte da sustentação que derrotou o grupo do ex-senador Antônio Carlos Magalhães em 2006. “Inacreditável o que estamos assistindo”, desabafou outra fonte, da base do governo.

A reviravolta na composição da chapa governista pegou de surpresa toda classe política. O silêncio envolvendo os principais personagens (Otto, Rui, Jaques Wagner, PT) é observado como sinal de que as coisas não vão bem.

Por Jones Almeida / Ana Castelli

Um minuto, por favor…

Obrigado por ter chegado até aqui. Combater a desinformação, as mentiras custa tempo e dinheiro. Nós, do DEOLHO News, temos o compromisso diário de levar até os leitores conteúdos críticos, alicerçado em dados e fontes confiáveis. Se você acredita no nosso trabalho, apoie da maneira que puder ou, se preferir… Faça uma Doação CLICANDO AQUI