Casal enterra a nora viva pra ficar com a guarda dos netos

A Polícia Civil indiciou os sogros de Márcia Martins Miranda por suspeita de terem sequestrado, matado e enterrado a assistente social numa casa na Zona Oeste de São Paulo.

De acordo com a pasta, o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) ainda pediu à Justiça a prorrogação da prisão temporária do casal de idosos por mais um mês. A Segurança também aguarda laudo sobre a causa da morte da vítima.

O advogado aposentado Fernando Antonio Martins de Oliveira, de 62 anos, e a dona de casa Maria Izilda Pereira Miranda, de 60, são suspeitos de matar Márcia, 41, para ficar com a guarda dos filhos dela, um menino de 4 anos e uma menina de 9 meses. A defesa deles nega os crimes e pediu a liberdade de seus clientes à Justiça.

Márcia, que era coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) do Butantã, Zona Oeste da capital, estava desaparecida desde o dia 2 de outubro, quando saiu de casa a caminho do trabalho.

Na última segunda-feira (5), a polícia encontrou um corpo dentro um imóvel abandonado, na Rua Angelina Russo, no Rio Pequeno, que havia sido alugado pelos sogros de Márcia. Após exames e confrontos de digitais, a SSP confirmou na quarta-feira (7) que o cadáver era mesmo da assistente social.

Fernando e Maria estavam presos temporariamente desde 18 de outubro por suspeita no desaparecimento da nora. Ele está detido na carceragem do 2º Distrito Policial (DP), no Bom Retiro, região central da capital. Ela continua na cadeia do 89º DP, Portal do Morumbi, Zona Sul.

Casal enterra a nora viva pra ficar com a guarda dos netos

Assistente social é assassinada e enterrada pelos sogros

Com a confirmação de que o corpo achado na residência é mesmo de Márcia, os sogros da assistente social foram responsabilizados formalmente pela polícia pelos crimes de sequestro, homicídio e ocultação de cadáver.

“O caso segue em investigação pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Os sogros da vítima foram indiciados por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver e a polícia solicitou a prorrogação da prisão temporária de ambos, por mais 30 dias. A polícia aguarda a conclusão do laudo necroscópico para atestar a causa da morte”, informa nota da Secretaria da Segurança encaminhada à reportagem.

Após a conclusão do inquérito policial, o DHPP deverá pedir a conversão da prisão temporária em preventiva para que Fernando e Maria permaneçam presos até serem julgados.

O trâmite será o seguinte: a solicitação policial seguirá para o Ministério Público (MP), que poderá ou não denunciá-los à Justiça. Se a Justiça aceitar a denúncia, os acusados se tornarão réus no processo.

Segundo a investigação do DHPP, Fernando e Maria eram obcecados pelos netos e decidiram cometer os crimes após Márcia ter dito que iria se separar do marido e ir embora levando as crianças para longe dos avós.

Para a polícia, no entanto, o marido de Márcia não tem envolvimento com os crimes atribuídos a seu padrasto e a sua mãe. A guarda do menino e da menina está com o viúvo.

Casal enterra a nora viva pra ficar com a guarda dos netos

Imagem do crânio da assistente social Márcia Miranda mostra que ela levou pancada na cabeça

Causa da morte

Márcia foi encontrada em uma cova em um dos quartos do imóvel. O corpo foi achado dentro de um saco plástico, encoberto por terra e uma placa de concreto.

Ainda faltam laudos sobre a causa da morte da assistente. Peritos apuram se ela morreu em decorrência de traumatismo causado por algum golpe na cabeça ou por causa de eventual esganadura.

De acordo com o delegado Mário Sérgio de Oliveira Pinto, da 1ª Delegacia de Proteção à Pessoa do DHPP, Márcia foi morta no mesmo dia em que saiu para trabalhar, no início de outubro.

“Ela foi atraída, convidada a entrar no carro para ver a casa. Lá chegando ganharam acesso ao imóvel e provavelmente no último cômodo atingiram a vítima com um golpe na cabeça, e a partir daí ela pode ter sido enterrada viva ou asfixiada”, falou Mário durante entrevista coletiva nesta semana.

Os policiais dizem que a coordenadora entrou no carro dos sogros na frente de um banco na Avenida Corifeu de Azevedo Marques, também na Zona Oeste.

Para a polícia, o casal atraiu a vítima com a proposta de criar uma conta bancária para os netos e depois iria mostrar a ela a casa que alugaram para que a mulher morasse com os dois filhos, uma vez que estava em processo de separação.

O delegado trabalha com a possibilidade de os sogros terem premeditado o crime. “Absolutamente, a premeditação desse crime nos é muito clara. Os criminosos cavaram muito fundo. Além de depositarem o corpo, fizeram uma laje”, falou Mário.

Casal enterra a nora viva pra ficar com a guarda dos netos

Márcia Martins escreveu “minhas riquezas” ao responder comentário sobre os dois filhos na rede social

Defesa do casal

Nesta sexta-feira (8), o advogado Fábio D’Elia, que defende Fernando e Maria, disse ao G1 que seus clientes continuam negando os crimes contra Márcia. A defesa ainda informou que entrou com pedidos de liberdade ao Tribunal de Justiça (TJ), em São Paulo, e Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, para que eles respondam soltos.

“Já existe habeas corpus pedindo a revogação da prisão temporária ao TJ e ao STJ”, disse Fábio, advogado dos sogros da assistente. “O fato de você indiciar alguém não fiz que essa pessoa é culpada. Eles são presumidamente inocentes”.

Enterro

Ainda na quinta, Márcia foi enterrada no Cemitério Vale da Paz, em Diadema, onde a família dela pediu justiça no caso.

“Espero justiça porque é a única coisa que nos resta, né. As pessoas que fizeram essa barbaridade que paguem pelo crime porque não tinha motivos para isso. Foi uma surpresa para nós”, falou o pai de Márcia, Benevides Martins, 79, durante o velório da filha. “Espero que a justiça seja feita, que eles paguem pelo crime que cometeram”.

“É um momento de muita dor e sofrimento que vivemos. A Márcia ter sido tirada de nós desta forma tão cruel. Estamos em luto e desejamos justiça”, disse Marcelo Martins, 37, irmão da vítima.

G1